Tesis
Degradação florestal por extração seletiva e fogo na Amazônia Legal
Fecha
2017-05-10Registro en:
COSTA, Olívia Bueno da. Degradação florestal por extração seletiva e fogo na Amazônia Legal. 2017. 186 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Costa, Olívia Bueno da
Institución
Resumen
As atividades de extração seletiva, fogo e fragmentação da vegetação natural têm
aumentado substancialmente em regiões de florestas tropicais nas últimas décadas. A
degradação causa vários impactos na floresta, diminuindo a biodiversidade, alterando o
microclima e aumentando a suscetibilidade a incêndios mais severos. Além disso, a
degradação aumenta a liberação de gases do efeito estufa para atmosfera, contribuindo para as
mudanças climáticas globais. Este estudo buscou avaliar a dinâmica espaço-temporal das
florestas impactadas por extração seletiva de madeiras e fogo na Amazônia Legal no período
de 1992 a 2014 utilizando dados e técnicas de sensoriamento remoto. A metodologia se
baseou na aplicação da análise de mistura espectral (para mapeamento do fogo) e do
algoritmo de textura combinado com interpretação visual (para mapeamento da extração
seletiva) de imagens Landsat. A acurácia da técnica utilizada foi estimada por matrizes de
confusão e cenas do satélite RapidEye. Além disso, foi conduzida uma análise espacial com
objetivo de identificar a distribuição espacial da extração seletiva e do fogo na Amazônia
Legal. Com base nos resultados desta pesquisa, estimou-se uma acurácia global de 91%
(Mato Grosso) e 93% (Pará e Rondônia) para o mapeamento de áreas impactadas pela
extração seletiva de madeiras. Erros de comissão e omissão foram de 11,9 % e 9,4% (Mato
Grosso); 7,4% e 7,4% (Pará); e, por fim, 2% e 9,4% (Rondônia). A área total de florestas
impactadas por extração seletiva e fogo nos anos 1992, 1996, 1999, 2003, 2006, 2010 e 2014
foi 11.869 km², 16.532 km², 35.697 km², 39.800 km², 49.710 km², 56.744 km² e 46.789 km²,
respectivamente. A extração seletiva de madeiras e o fogo foram responsáveis por 72% e
28%, respectivamente, do total das áreas de florestas impactadas e mapeadas na Amazônia no
período de estudo. De maneira oposta às taxas de desmatamentos na Amazônia, as áreas
impactadas pela extração seletiva de madeiras e o fogo aumentaram mais de 400% entre 1992
e 2014. As florestas impactadas pelo fogo apresentaram maior probabilidade de serem desmatadas quando comparadas à florestas exploradas seletivamente, porém a extração
seletiva contribuiu, em alguns anos, em quase 50% do incremento do desmatamento. Apesar
deste fato, pequenas áreas de extração seletiva são posteriormente desmatadas. A extração
seletiva de madeiras afetou 1.838 km² e 1.718 km² de florestas dentro de Unidades de
Conservação e Terras Indígenas no ano 2014, respectivamente. A exploração de madeira e o
fogo em áreas protegidas aumentou substancialmente nos últimos anos. As áreas de extração
seletiva tenderam, de forma significativa, a ocorrerem mais próximas aos polos madeireiros,
aos principais centros urbanos e mais distantes das áreas desmatadas na Amazônia. A
extração seletiva variou anualmente, por Estado e de acordo com o volume de madeira
disponível nas florestas. As florestas atingidas pelo fogo se mostraram distribuídas, de forma
significativa, nas proximidades dos desmatamentos, cidades e estradas. As maiores áreas
atingidas por fogo em florestas foram observadas em anos de maior temperatura, menor
precipitação e em áreas de menor volume de madeira. O entendimento das variáveis que
influenciam os processos de degradação são fundamentais para o mapeamento geográfico de
áreas com maior probabilidade de ocorrência destes eventos, o que implica em maior controle
dessas áreas para frear processos de desmatamento futuro.