Tesis
Análise tomográfica mandibular e vertebral para avaliação de osteoporose e de risco de fratura em mulheres na pós-menopausa
Fecha
2022-08-11Registro en:
CASTRO, Julia Gonçalves Koehne de. Análise tomográfica mandibular e vertebral para avaliação de osteoporose e de risco de fratura em mulheres na pós-menopausa. 2022. 131 f., il. Tese (Doutorado em Odontologia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Castro, Julia Gonçalves Koehne de
Institución
Resumen
A osteoporose é uma doença esquelética relacionada à perda da resistência óssea
que predispõe a fraturas por trauma mínimo. A resistência óssea é dada pela
densidade mineral óssea (DMO) e pela qualidade óssea. As fraturas mais comuns
relacionadas à doença, como as de vértebra e quadril, diminuem a qualidade de vida
dos indivíduos afetados, aumentam o número de internações hospitalares e podem
levar ao aumento da mortalidade, principalmente em idosos que, juntamente com as
mulheres na pós-menopausa, representam o grupo de maior risco para a doença.
Apesar da verificação da DMO pelo exame de densitometria por dupla emissão de
raios X (DXA) ser ainda considerada o padrão-ouro para o diagnóstico da
osteoporose, muitas pessoas com DMO normal apresentam fragilidade óssea e,
consequentemente, fraturas. Além disso, as fraturas por osteoporose são geralmente
assintomáticas e, por isso, a doença é considerada como silenciosa. São necessários,
portanto, métodos de rastreamento de pessoas com baixa DMO e com risco
aumentado de fraturas, o que poderia diminuir o impacto sócio-econômico da doença.
Visto que a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) é um exame muito
utilizado na população idosa, principalmente para planejamento de implantes e, que
alterações mandibulares já foram relatadas em pacientes com osteoporose, torna-se
necessário verificar este exame como instrumento auxiliar no diagnóstico da doença.
Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo geral verificar alterações ósseas
mandibulares em exames de TCFC de mulheres na pós-menopausa. Como objetivos
específicos, este estudo verificou se medidas qualitativas e quantitativas na cortical
mandibular poderiam predizer o diagnóstico da doença. Além disso, alterações
trabeculares também foram verificadas por meio do cálculo da dimensão fractal (DF)
em dois sítios ósseos da TCFC: na mandíbula e na região da segunda vértebra
cervical (que aparece no escaneamento da mandíbula). Como último objetivo
específico, o estudo analisou se a espessura da cortical mandibular apresentava
relação com o risco de fratura medido pela ferramenta FRAX. O estudo utilizou, como
critério de inclusão, mulheres na pós-menopausa com exames prévios de
densitometria óssea e TCFC com boa qualidade. Os critérios de exclusão foram uso
de medicações que afetassem o metabolismo ósseo e a presença de outras doenças
osteometabólicas com exceção da osteoporose. A amostra final consistiu de 103
pacientes, sendo 52 com DMO normal e 51 com diagnóstico densitométrico de
osteoporose. Houve a comparação dos parâmetros ósseos mandibulares corticais e
trabeculares e a avaliação das medidas de acurácia para predizer osteoporose nos
dois grupos avaliados, resultando em três artigos, dois já publicados. A mensuração
da DF dos artigos B e C foi realizada no programa ImageJ. O primeiro artigo avaliou
qualitativamente e quantitativamente a cortical mandibular, com o estabelecimento de
um novo índice denominado índice mandibular tridimensional para osteoporose (3D
MOI). Este índice, juntamente com a idade, apresentou uma boa acurácia para
predizer o diagnóstico densitométrico de osteoporose, com área abaixo da curva de
0,8. No segundo artigo, a análise da DF não demonstrou boa acurácia e
reprodutibilidade para predizer o diagnóstico densitométrico, apesar dos valores de
DF terem sido significativamente menores em pacientes com osteoporose quando
comparados aos de mulheres com DMO normal. Por fim, o último artigo demonstrou
que a espessura da cortical mandibular foi capaz de predizer o risco de fratura de
quadril quando utilizado o ponto de corte do FRAX brasileiro de 3%. Para esta
finalidade, 46 mulheres que responderam à ferramenta FRAX foram relacionados aos
dados da espessura da cortical mandibular. A espessura da cortical mandibular
apresentou área abaixo da curva ROC de 0,903 para predizer o maior risco de fratura
do quadril (acima de 3¨%). Como conclusão final destes estudos, a análise da TCFC
demonstrou acurácia para predizer o diagnóstico densitométrico de osteoporose, com
base em um novo índice cortical (artigo A) e também o maior risco de fratura de
quadril, com base na análise da espessura da cortical mandibular (artigo C). A análise
da DF não demonstrou boa acurácia para esta finalidade na população estudada
(artigo B).