Tesis
Tripanossomatídeos em mamíferos silvestres e potenciais insetos vetores no Zoológico de Brasília, DF, Brasil
Fecha
2018-08-21Registro en:
REIS, Filipe Carneiro. Tripanossomatídeos em mamíferos silvestres e potenciais insetos vetores no Zoológico de Brasília, DF, Brasil. 2018. 73 f., il. Dissertação (Mestrado em Zoologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Reis, Filipe Carneiro
Institución
Resumen
Os zoológicos exercem um importante papel nos programas conservacionistas. Para que estes projetos tenham êxito, é necessário que as populações cativas sejam geneticamente manejadas, sendo necessárias translocações entre instituições para evitar depressões endo e exogâmicas. Entretanto, estas movimentações de indivíduos podem acarretar no transporte de patógenos entre instituições como também com o ambiente natural, sendo que os indivíduos participantes podem tanto carregar parasitos quanto se infectar ao longo do processo. Dentre várias doenças que devem ser consideradas, podemos destacar aquelas causadas por tripanossomatídeos como Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas e Leishmania spp., agente etiológico das leishmanioses. Este estudo teve como objetivo monitorar a ocorrência de insetos vetores (triatomíneos e flebotomíneos) e investigar a infecção por tripanossomatídeos nestes insetos e nos mamíferos silvestres cativos do Zoológico de Brasília, localizado no Distrito Federal. Para tanto, foram realizadas buscas ativas bimestrais por triatomíneos entre 2016 e 2017, com auxílio de lanternas e pinças, sendo encontrada uma colônia com 17 adultos, duas ninfas e 32 ovos de Panstrongylus megistus no recinto do ouriço-caixeiro. Testes de microscopia e qPCR confirmaram a infecção por T. cruzi em 25% desses insetos. Também foram instaladas armadilhas HP e Shannon com objetivo de capturar flebotomíneos. Após esforço amostral de 7.392 horas, foram capturados 17 flebotomíneos, sendo encontrado indivíduos de Nyssomyia whitmani (principal vetor de L. brasiliensis) e Lutzomyia longipalpis (vetor de L. infantum). Foi realizado qPCR nestes vetores, mas nenhum foi positivo para Leishmania. Foi realizada coleta de sangue de 74 mamíferos silvestres da instituição de cinco diferentes ordens. Testes de qPCR com utilização dos primers TCZ3 e TCZ4 identificaram 50 espécimes positivos para T. cruzi em 24 espécies, sendo possivelmente o primeiro relato para Lagothrix cana, Ateles marginatus, Chiropotes satanas, Speothos venaticus, Lontra longicaudis, Tremarctos ornatus, Leopardus tigrinus, Leopardus colocolo e Puma yagouaroundi. Para Leishmania, qPCR com primers de kDNA identificou 15 espécies positivas, com um total de 23 indivíduos. No total, 18 indivíduos foram diagnosticados com dupla infecção, sendo positivos em ambos os exames. Esses resultados indicam ocorrência de transmissão vetorial de tripanossomatídeos no Zoológico de Brasília. Uma nova colônia de triatomíneos detectada no local indica que a infestação de recintos é um evento recorrente e a presença de espécimes infectados indica que o risco de transmissão de T. cruzi para os mamíferos cativos persiste. Os resultados ampliam a lista de espécies de primatas infectados por T. cruzi no Zoológico de Brasília e ainda mostram outros grupos de mamíferos infectados. O registro de espécies de flebotomíneos, entre elas Lu. longipalpis e Ny. whitmani, potenciais vetoras de L. infantum e L. braziliensis, e de mamíferos infectados nascidos no local, indica que há transmissão autóctone de Leishmania no Zoológico de Brasília. Recomenda-se a aplicação de medidas preventivas com objetivo de evitar novas infecções por T. cruzi e Leishmania. As futuras movimentações de animais silvestres do Zoológico de Brasília devem levar em consideração a presença desses tripanossomatídeos, evitando a disseminação destas zoonoses.