Tesis
Qualidade do Ensino Médio na percepção de duas comunidades escolares : subsídios para gestores públicos
Fecha
2017-05-09Registro en:
FERNANDES, Petra Kaari. Qualidade do Ensino Médio na percepção de duas comunidades escolares: subsídios para gestores públicos. 2017. 194 f., il. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão Pública)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Fernandes, Petra Kaari
Institución
Resumen
O cenário do Ensino Médio no Brasil é desafiador. Segundo o Ministério da Educação, apenas 58% dos jovens entre 15 e 17 anos estão nessa etapa de ensino e, em termos de proficiência, “mais de 75% dos alunos estão abaixo do esperado, e por volta de 25% encontram-se no nível zero, ou seja, mais de dois milhões de jovens não conseguem aplicar os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de português e matemática” (BRASIL, 2016c, p. 2). Frente a essa conjuntura, como melhorar a qualidade educacional e como agir em termos de política pública? A partir de estudo de caso múltiplo, esse trabalho visa propiciar subsídios a gestores públicos que atuam na área educacional. Para isso, primeiramente, recorreu-se à legislação e à literatura nacional e internacional com vistas a se compreender a respeito do conceito sobre qualidade em educação e dos elementos que a compõem. Com essa base teórica foi-se a campo investigar a percepção de duas comunidades escolares sobre educação de qualidade e os desafios para a sua concretização. Participaram da pesquisa diretores, coordenadores pedagógicos, docentes e estudantes de duas escolas públicas regulares de Brasília-DF, as quais obtiveram as melhores notas, entre seus pares, no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) edições 2014 e 2015. Dessa forma, o estudo buscou responder o seguinte problema de pesquisa: Quais são os principais desafios para a implementação de um Ensino Médio de qualidade? Como resultado observou-se que a maioria dos profissionais de ambas as escolas tem como conceito de educação de qualidade a formação integral do indivíduo, voltada não só para o mercado de trabalho, mas para o exercício da cidadania. Entre os principais desafios, sugestões e demandas, apontados pelos profissionais para a melhoria educacional estão: tornar a educação prioridade dentro dos governos federal e distrital; tornar a escola atual e atrativa aos estudantes; flexibilizar o currículo de modo a atender o objetivo de vida do estudante, o qual pode ser ensino técnico, superior ou profissão não alinhada ao mundo acadêmico, como evidenciado na pesquisa; fortalecer e investir no Ensino Médio, mas também no ensino fundamental; aumentar os recursos financeiros e repassá-los tempestivamente; ampliar a autonomia no gasto e na gestão de pessoas, assim como melhorar a área administrativa das escolas, tanto em termos de pessoal capacitado, como de sistemas informatizados; estabelecer boa comunicação entre todos os envolvidos; diminuir a rotatividade de pessoal; valorizar a classe docente financeiramente e em termos de participação na elaboração das políticas públicas; capacitar o professorado em tecnologia; capacitar o coordenador pedagógico para a função; diminuir o número de alunos por sala; realizar pré-diagnóstico do aluno para verificar seus conhecimentos pregressos com vistas a atendê-lo de forma mais apropriada; aperfeiçoar o sistema de aulas, de avaliação e o reforço escolar com o objetivo de mitigar deficiências do ensino fundamental; aprimorar o ambiente tecnológico, incluindo internet de alta velocidade; melhorar a temperatura das salas de aula, pois o telhado é de metal. Para os diretores, um dos principais desafios refere-se à gestão de pessoas, tanto em termos de alinhamento de percepção com os coordenadores pedagógicos eleitos pelos docentes, como em relação à resistência de professores em aperfeiçoar a didática e em aceitar novas práticas. Do ponto de vista geral, foram destacadas a necessidade de se melhorar o ensino fundamental e a urgência em se obter apoio das famílias no fortalecimento da escola pública, pois não basta uma escola que eduque, motive e discipline, se não há o reforço positivo por parte das famílias no empoderamento da equipe escolar e na orientação dos filhos para o futuro. A partir da pesquisa, foi possível constatar que sem a atuação conjunta, efetiva e determinada de todos os envolvidos: poder público, profissionais da educação, estudantes, famílias e sociedade em geral, a melhoria da qualidade educacional será sempre pontual e precária.