Tesis
Fluxos subterrâneos e recarga do Sistema Aquífero Alter do Chão em lateritos amazônicos : estudo de caso em Porto Trombetas, Pará
Fecha
2019-09-09Registro en:
AZEVEDO, Júlio Henrichs de. Fluxos subterrâneos e recarga do Sistema Aquífero Alter do Chão em lateritos amazônicos: estudo de caso em Porto Trombetas, Pará. 2019. xv, 139 f., il. Tese (Doutorado em Geociências Aplicadas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Azevedo, Júlio Henrichs de
Institución
Resumen
Este estudo investigou os padrões de circulação e o comportamento hidroquímico, bem como o mecanismo e a quantificação da recarga das águas do Sistema Aquífero Alter do Chão em platôs lateríticos da região de Porto Trombetas. Nessas áreas, importantes pelo potencial mineral de bauxita e pelos ecossistemas florestais, o Sistema Aquífero ocorre como um reservatório subterrâneo semiconfinado, quando sotoposto aos perfis lateríticos autóctones maduros, ou não confinado nas áreas de vales. Do topo para a base os perfis lateríticos apresentam a seguinte sequência de camadas: solo superior, argila amarela (Argila de Belterra), crostas de ferro e alumínio, bauxita e argila variegada. A bauxita e as crostas aluminosas apresentam os maiores valores de condutividade hidráulica, resultantes de porosidade que varia entre 30 e 45%. O solo superficial, caracterizado como Latossolo Amarelo alumínico, a porosidade de cerca de 18% resulta em menor condutividade hidráulica. A argila variegada, também definida por baixa condutividade hidráulica, funciona como aquitarde com drenança para o aquífero sotoposto. O padrão de relevo permite determinar os sistemas de fluxo hidrogeológico regional e local, evidenciados nos platôs e nos vales, respectivamente. A análise de dados hidroquímicos corrobora com a proposta da existência de diferentes sistemas de fluxos. Condutividades elétricas ligeiramente maiores nas águas do aquífero indicam predomínio de fluxos regionais a partir dos topos dos platôs, enquanto as águas menos condutivas das nascentes demonstram a influência de fluxos locais nas encostas desses mesmos platôs. Dados de isótopos estáveis de Oxigênio e Deutério indicam que a recarga do sistema aquífero se dá pela infiltração de águas de chuvas por percolação direta e rápida, sem sofrer importante processo de evaporação prévia à recarga. Avaliações dos teores de Trítio indicam que o aquífero é suprido por chuvas relativamente recentes, ou por misturas que contenham essas águas. A cobertura florestal tem importante atuação no controle de recarga devido à bioturbação pelas raízes, cujas profundidades podem atingir mais de 15 metros. Essa bioturbação provoca zonas de fluxo preferenciais e é responsável pelo aumento da condutividade hidráulica nas camadas pelíticas. Admitindo-se um polígono de 1 km2, estima-se recarga de pelo menos 236.400 e 350.000 m3 / ano, respectivamente, para as porções semiconfinada e não confinada do aquífero. Os processos neotectônicos que controlam a dinâmica geomorfológica e pedológica da região, representados principalmente por estruturas N30-40ºW, N45ºE e EW, compreendem outro fator com relevância para o fluxo subterrâneo. Na compartimentação geomorfológica representada pelos platôs lateríticos essas estruturas neotectônicas produzem rupturas nas crostas ferro aluminosas, nas camadas de bauxita e no próprio aquitarde, contribuindo para o aumento da condutividade hidráulica média e da capacidade de drenança da camada semiconfinante para o aquífero regional. Os principais efeitos da mineração de bauxita são percebidos na redução da taxa de recarga. Em áreas afetadas pela mineração e atualmente em processo de recuperação ambiental constatou-se: taxa média de recarga inferior a 50% das taxas observadas para áreas naturais; e reduções nos teores de Ca e Mg, contudo sem comprometimento do uso da água para qualquer finalidade, tampouco alteração nas fácies hidroquímicas. No contexto das mudanças climáticas globais, as porções do Sistema Aquífero Alter do Chão semiconfinadas apresentam maior capacidade de resiliência frente às projeções de alterações no regime pluviométrico da Amazônia, uma vez que as respostas das taxas de recargas a suas possíveis alterações ocorreriam de forma não linear, ao contrário do esperado para sistemas aquíferos livres.