Tesis
Federalismo e accountability no Brasil : os efeitos da responsabilização e da avaliação de políticas públicas sobre o desempenho governamental
Fecha
2020-02-21Registro en:
BIJOS, Danilo. Federalismo e accountability no Brasil: os efeitos da responsabilização e da avaliação de políticas públicas sobre o desempenho governamental. 2019. 240 f., il. Tese (Doutorado em Ciência Política)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Crispim, Danilo Bijos
Institución
Resumen
A TESE tem como objetivo central analisar em que medida os eleitores brasileiros
conseguem avaliar o desempenho de governantes dos distintos entes federados de
acordo com as políticas públicas sob suas respectivas responsabilidades e, além
disso, quais fatores aumentam a probabilidade de ocorrer a accountability dual (ou
plural). O arcabouço teórico e conceitual do trabalho resgata e discute o tema
accountability vertical (eleitoral ou democrática) do Poder Executivo nas democracias
contemporâneas, destacando o papel da clareza de responsabilidade em sistemas de
governo multinível. Para direcionar tais conceitos à realidade do Brasil, são
revisitados os debates acerca da distribuição de competências no federalismo
brasileiro, bem como os fenômenos da recentralização fiscal e da liderança
institucional do governo central na formulação de políticas públicas. As hipóteses de
pesquisa são definidas na esteira da pesquisa bibliográfica de composição do
referencial teórico e refinadas com a análise exploratória dos dados da Pesquisa
Domiciliar Quadrimestral (PDQ) de Agosto de 2015 (PDQ-Ago/15) realizada pela
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM). Por
seu tempo, os testes das hipóteses utilizam a técnica de regressão categorial ordinal.
Os resultados empíricos obtidos mostram que as avaliações de desempenho para o
governo federal, governadores e prefeitos respondem positivamente às notas para
saúde e educação pública. Embora os Estados sejam majoritariamente responsáveis
pela segurança pública, para todos os níveis de governo, também foi observada maior
probabilidade de avaliações de desempenho favoráveis quando as notas para a
política pública são mais altas. As análises demonstram ainda que os beneficiados
por programas governamentais focalizados (não universais) associam avaliações de
desempenho favoráveis aos chefes do Poder Executivo responsáveis pelas ações.
Quanto ao processo de responsabilização, os modelos indicam que as avaliações de
desempenho mais positivas para os governadores e prefeitos são menos prováveis
quando os indivíduos relacionam muitas tarefas apenas para os governos dos
Estados ou apenas para as prefeituras, bem como entre os que atribuem muitas
responsabilidades de forma compartilhada a dois ou mais entes da federação.
Finalmente, há evidência de que as avaliações positivas (negativas) para o governo
federal tornam mais (menos) prováveis as avaliações positivas para os governadores.
Adicionalmente, quando um eleitor avalia bem o presidente e está em um Estado
governado pelo partido do presidente, há ainda um ganho diferencial que aumenta
as chances de se verificar uma avaliação positiva para o governador. Conjuntamente,
os resultados permitem concluir que a insatisfação generalizada com a qualidade
das políticas públicas impacta a percepção dos brasileiros sobre o desempenho dos
governos federal, estaduais e municipais. Nesse contexto, o compartilhamento de
tarefas e a pujança do governo central desfavorecem a accountability dual (ou plural)
principalmente com relação aos níveis subnacionais. Logo, torna-se defensável que
os governos estaduais e municipais busquem alternativas de comunicação para
informar os cidadãos sobre suas competências e, ao mesmo tempo, formatem
programas e ações mais focalizados.