Tese
Raciocínio geográfico no Ensino Fundamental, anos finais : fundamentos teóricos e estratégias didáticas
Fecha
2022-03-08Registro en:
SILVA, Denise Mota Pereira da. Raciocínio geográfico no Ensino Fundamental, anos finais: fundamentos teóricos e estratégias didáticas. 2021. 172 f., il. Tese (Doutorado em Geografia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Silva, Denise Mota Pereira da
Institución
Resumen
Esta pesquisa qualitativa teve como principal objetivo verificar se estratégias didáticas
pautadas na abordagem dialógica, a partir de diferentes linguagens, contribuem para a
mobilização do raciocínio geográfico na construção de conhecimento entre estudantes do
Ensino Fundamental, anos finais. Tarefas de resolução de problemas a partir de situações
contextualizadas no cotidiano da cultura são, a uma só vez, motivadoras e subsidiadoras
do raciocínio geográfico, já que os estudantes se sentem atraídos pela atividade, pois
possuem algum tipo de vivência ou conhecimento prévio. Buscou-se uma participação
mais ativa dos estudantes, de tal modo que padrões de diálogo mais equitativos pudessem
surgir em uma prática socializadora e emancipadora. Nesse sentido, o recurso à pedagogia
de Paulo Freire se insere na perspectiva da educação problematizadora, em que todos os
sujeitos estão ativamente envolvidos no ato de produzir conhecimento, o que requer
padrões pedagógicos espontâneos em lugar de formas canônicas de ensino. Em
complemento, a teoria Histórico-Cultural de Vigotski forneceu elementos que permitiram
uma maior compreensão do processo de transição do pensamento geográfico ao
raciocínio geográfico, entendido como uma forma de pensar a geografia cientificamente,
por meio de lógica, hipóteses e deduções para resolver situações-problema que envolvem
espacialidade. Optamos por uma aproximação com a Teoria Fundamentada nos Dados, a
fim de manter a abertura necessária durante a pesquisa na observação das interações nos
processos colaborativos e com enfoque no aspecto ontológico do diálogo entre os
participantes. Contamos com a participação de 24 estudantes do sexto ano do Ensino
Fundamental e tivemos o apoio do professor regente, que cedeu suas aulas, em uma escola
pública em Brasília, no Distrito Federal. Foram utilizados instrumentos como: grupo
focal, questionário, diário da pesquisadora e estratégias didáticas, tais como: saída a
campo, desenhos feitos no quadro e no papel, jogo tipo Quiz geográfico e oficina para
transformar uma bola de plástico em um globo terrestre. As estratégias didáticas
dialógicas foram divididas em episódios, que variaram em quantidade e conforme a
dificuldade e complexidade para executá-las. A utilização de grupos focais, ao longo das
estratégias didáticas dialógicas, configurou-se importante instrumento metodológico de
compartilhamento de ideias e de construção de um raciocínio coletivo. Os dados
demonstram que os estudantes tiveram dificuldades em relação aos conhecimentos da
Cartografia, tais como: referenciais de orientação e localização, escala e projeções
cartográficas. As situações pautadas pelas explicações dadas pelos estudantes aos colegas,
o confronto de ideias entre eles e as descobertas e soluções individuais-coletivas sobre
temas propostos foram geradoras de pensamento geográfico e do raciocínio geográfico,
sendo uma base de conceitos e fatos observáveis de uma prática científica. Os resultados
indicam heterogeneidade entre os estudantes quanto ao nível de apreensão dos conceitos
geográficos e conhecimentos cartográficos, com os quais tiveram maior dificuldade, o
que se deve aos processos de aprendizagem que ainda estão em desenvolvimento. O
raciocínio geográfico pode ser compreendido como um espectro em que níveis variáveis
de raciocínio estão presentes em prática formal e intencional, a partir do uso de diferentes
formas imagéticas de representação espacial para solucionar situações-problema na
perspectiva geográfica. Nosso estudo indicou implicações práticas que apontam a
relevância de novas pesquisas que aprofundem a investigação sobre o raciocínio
geográfico de professores e de estudantes.