Tesis
Rock in Rio : a gênese da nova onda
Fecha
2020-05-14Registro en:
FIGUEIREDO NETO, Argemiro de. Rock in rio: a gênese da nova onda. 1990. 123 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação)—Universidade de Brasília, Brasília, 1990.
Autor
Figueiredo Neto, Argemiro de
Institución
Resumen
Nos dias de hoje, a produção cultural está articulada de tal forma em nossa sociedade que a sua comunicação depende tanto do trabalho desenvolvido pela classe artística como da atuação dos mecanismos de difusão cultural. Na maioria das vezes, esta interação se presta mais a propósitos econômicos do que artísticos, na medida em que diversos setores industriais, aproveitando-se do vínculo criado entre a arte e o consumidor, exploram esta relação das mais variadas maneiras possíveis.
Por serem responsáveis diretos pela comunicação deste processo ao meio social, os "mass media" ocupam uma posição de extrema importância neste contexto. É através deles que o indivíduo moderno se acostumou a travar contato com o que está acontecendo no mundo da arte, e tudo o que esteja se realizando fora desta relação possui poucas condições de sensibilizá-lo. Por outro lado, eles também desenvolveram ao longo do tempo toda uma linguagem particular, por intermédio da qual vêm tentando aproximar ao máximo o conceito de recepção cultural do de consumo industrial.
No terreno da música, essa perspectiva assume um papel bastante peculiar. Os estilos musicais -que influenciam a produção artística em certos períodos de nossa história, fazendo com que movimentos musicais e modismos surjam através dos tempos - são, atualmente, alvo de elaboradas estratégias econômicas que acompanham seus processos de disseminação. Influenciando não somente o setor musical - como, por exemplo, os artistas que desenvolvem uma temática em comum -, como outros setores culturais que os absorvem, os estilos se transformaram em ondas culturais, em estruturas disseminativas através das quais toda uma produção cultural e industrial passa a ser comunicada a partir de um referencial estético em comum. Assim sendo, o cinema, o rádio, a televisão, a moda e a publicidade passam a se aproveitar economicamente de uma forma cultural em evidência e a explorá-la em seus domínios lingüísticos.
Esse aproveitamento, contudo, não é feito de forma conjuntural ou aleatória. Ele faz parte de um processo cíclico pelo qual a produção cultural é difundida, de tempos em tempos, através de eixos de similaridade estética - a moda propriamente dita -, e que se inicia, geralmente, nos países do primeiro mundo percorrendo, em seguida, um verdadeiro circuito de países menos desenvolvidos. O Brasil se encontra numa posição periférica neste contexto, e a grande maioria da produção musical aqui veiculada possui um vínculo com as estruturas disseminativas estrangeiras.
O "Rock in Rio" , um imenso festival de música popular realizado em 1985 no Rio de Janeiro pode ser visto como um bom exemplo dessa política, na medida em que serviu de passaporte para que diversos estilos musicais (ou ondas culturais) já difundidos nos Estados Unidos e em países europeus, pudessem ocupar espaços significativos em nossa mídia. Colocando o Brasil na rota dos grandes shows internacionais, ele também representou a introdução de uma moderna política cultural em nosso cotidiano, calcada na disseminação e no aproveitamento econômico da música, e difundida em eventos musicais que lhe sucederam desde então.