Tesis
A crise da educação contemporânea e a escola : o que paira sobre o chão que pisamos?
Fecha
2017-09-11Registro en:
MUNDIM NETO, Janine de Fátima. A crise da educação contemporânea e a escola: o que paira sobre o chão que pisamos? 2017. xv, 197 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Mundim Neto, Janine de Fátima
Institución
Resumen
Esta tese investiga a crise educacional sob a perspectiva da prevalência de um discurso humanista em detrimento de sua realização. Quando o discurso humanista se separa da vida, ele pode se configurar como anti-humanista, pois traz em seu cerne a dialética de sua deturpação. Para além de sua restrição à retórica, a ideologização desse discurso pode também ter levado à sua perversão, a um falseamento. O ápice do falseamento, da deturpação do discurso humanista, ou seja, anti-humanismo em si, tem se realizado em ideias e ações totalitárias. Uma dúvida que nos acompanhou foi: podemos falar em educação para o totalitarismo? Com referência ao cotidiano escolar da contemporaneidade, destacam-se eventos que nos levam a perceber traços de um projeto cultural de perfil totalitário. No que concerne à crise na educação e a uma provável aproximação entre o modelo educacional e os movimentos totalitários, foram apontadas situações, tanto na escola como fora dela, bastante reveladoras. Foram realizados dois grupos focais com alunos do ensino médio, tendo por elemento central de debate a prova em três momentos da rotina escolar dos estudantes: antes das provas, logo após as provas e após a entrega de resultados. A avaliação – prova –mostrou-se o grande motor de todas as ações escolares, prescrevendo o controle sob os auspícios do medo. Três categorias de análise advindas dos dados dos grupos focais serviram para sua interpretação: a ideologização, a prescrição e a doutrinação. Pais, professores e especialistas ligados à educação foram entrevistados e, sob a luz das supracitadas categorias, suas falas revelaram que aspectos ideológicos, prescritivos e doutrinários atrelados a algum tipo de avaliação dos alunos ultrapassam os muros escolares e invadem a família, que repete inconteste a propaganda escolar. O discurso humanista está deturpado; falseado, supomos que ele se preste à realização de anti-humanismos: a educação, sob a égide da escola, traduz esses anti-humanismos em uma educação voltada para ideais totalitários. Talvez aí se oculte, na dialética humanismo ocidental e anti-humanismo, um dos pontos basilares da crise na educação. Ressaltamos que a crítica à escola sob essa perspectiva precisa ser feita, mesmo que as consequências de tal crítica sejam ainda incertas.