Tesis
Germinação de sementes de pares conespecíficos de áreas alagáveis no Pantanal e não alagáveis no Cerrado
Fecha
2017-10-05Registro en:
OLIVEIRA, Patricia Carla de. Germinação de sementes de pares conespecíficos de áreas alagáveis no Pantanal e não alagáveis no Cerrado. 2016. 83 f., il. Tese (Doutorado em Botânica)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Oliveira, Patricia Carla de
Institución
Resumen
Investigar a germinação das sementes de espécies arbóreas é importante para compreender o processo de ocupação e manutenção das populações e comunidades nos mais diversos ambientes. A transição semente – plântula representa o primeiro e mais determinante gargalo no ciclo de vida, estabelecendo o primeiro recorte no nicho ecológico e na amplitude da ocupação geográfica. É no nicho de regeneração, especialmente na germinação, onde se manifestam as primeiras tolerâncias ou sensibilidades aos principais filtros ambientais. A relação entre a germinação e nicho ecológico tem sido investigada por estudos que associam comportamentos de germinação às características ambientais. Neste trabalho o mesmo é feito em dois contextos. No primeiro foi investigada a relação entre a germinação e a ocorrência de árvores em uma área úmida (Pantanal), cuja origem é presumida para a savana vizinha não alagável (Cerrado), esperando encontrar tolerância à inundação pelas sementes das espécies testadas. Pergunta-se se as sementes de espécies arbóreas do Pantanal, com co-ocorrência em savana não alagável, estão adaptadas à inundação; e se a tolerância ao alagamento pelas sementes pode explicar a distribuição local das espécies arbóreas, ao longo do gradiente de inundação. Foram coletadas sementes de Copaifera langsdorffii, Curatella americana, Dipteryx alata, Guazuma ulmifolia, Hymenaeastigonocarpa, Magonia pubescens, Plathymeniareticulata, Qualea grandiflora e Tabebuia aurea, distribuídas em setores com diferentes intensidades de inundação, e seus padrões de germinação foram investigados sob e após inundação simulada. Os resultados mostram que a maioria apresentou sementes tolerantes à inundação, o que ajuda a explicar a presença de espécies arbóreassavânicas em uma área úmida. No entanto, foi detectada semelhança nas funções de sobrevivência baseadas na germinação entre espécies com ampla distribuição no Pantanal (ocupando áreas com inundação de pequena a grande intensidade) e aquelas com distribuição restrita (presentes apenas nas áreas menos sujeitas à inundação). Tal semelhança não permite explicar a distribuição destas espécies ao longo do gradiente. Sendo assim, a germinação, um dos componentes do nicho de regeneração, foi encontrada como determinante do nicho ecológico em escala regional, de savana para área úmida, mas não em escala local, dentro do gradiente de inundação. No segundo contexto comparamos a germinação entre assembleias de espécies arbóreas coocorrentes no Cerrado e no Pantanal diante de cenários que envolvem seus principais filtros ambientais. As espécies escolhidas estão entre aquelas tratadas no primeiro contexto: Copaifera langsdorffii, Dipteryx alata, Hymenaeastigonocarpa, Magonia pubescens, Qualea grandiflora e Tabebuia aurea. Com base na caracterização climática e ecológica dos dois ambientes, foram determinados como principais filtros a dessecação, o fogo (avaliado por choques térmicos) e a inundação. Avaliou-se também incremento de temperatura em consideração às mudanças climáticas em curso, com previsões de aumento nas temperaturas média e máxima para os dois ambientes, o que pode vir a ser um novo filtro ambiental. Incremento de temperatura e dessecação foram considerados cenários semelhantes entre os dois ambientes; fogo como principal filtro para o Cerrado e inundação como o principal para o Pantanal. Assim, esperava-se: performances de germinação semelhantes sob dessecação e incrementos de temperatura; e diferenciais para fogo e inundação, com melhor desempenho por sementes do Cerrado no primeiro e do Pantanal no segundo. Simulações para esses cenários foram feitas em laboratório para verificar a germinação de pares conespecíficos sob tais condições. O estimador não paramétrico de Kaplan-Meier e a modelagem por regressão de Cox foram as análises de sobrevivência empregadas na comparação. As sementes do Pantanal são aparentemente mais tolerantes aos filtros ambientais, apresentando germinação em situações mais extremas quando comparadas às do Cerrado. A assembleia do Cerrado teve maior germinabilidade, refletindo ambiente mais favorável que o Pantanal. Isto também é confirmado pelo maior tempo de germinação para as sementes do Pantanal sob inundação. Tempos delongados de germinação são compreendidos como indicativos de adaptação a ambientes menos favoráveis. Os comportamentos de germinação observados mostram um ajuste das sementes ao ambiente de maior severidade no conjunto de seus filtros ambientais (Pantanal), o que pode ser compreendido como uma contribuição de um aspecto do nicho de regeneração para o nicho ecológico.