Tese
Certas palavras não devem ser ditas : um estudo sobre a violência nas peças O rato no muro, O visitante, As aves da noite e O verdugo, de Hilda Hilst
Fecha
2020-07-03Registro en:
GOMES, Francisco Alves. Certas palavras não devem ser ditas : um estudo sobre a violência nas peças O rato no muro, O visitante, As aves da noite e O verdugo, de Hilda Hilst. 2020. 298 f., il. Tese (Doutorado em Literatura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Gomes, Francisco Alves
Institución
Resumen
A tese intitulada “Certas palavras não devem ser ditas”: um estudo sobre a violência
nas peças O rato no muro, O visitante, O verdugo e As aves da noite, de Hilda Hilst,
tem como fulcro a análise da violência na dramaturgia hilstiana. Para a
construção do percurso teórico e analítico utilizamos as teorias de Michel
Foucault (2009), René Girard (1990), Martin Esslin (1970), Marilena Chauí (2017),
Jeremy Bentham (2019), David Lapoujade (2015), Yves Michaud (1989) entre
outros. Partimos da hipótese de que a dramaturgia de Hilst evidencia uma série
de representações da violência que situam o corpo como um território dialético
que tenciona as noções de liberdade e prisão, vida e morte, fala e silenciamento.
Hilda Hilst escreveu sua dramaturgia no período de 1967 a 1969, a saber: A
empresa, O rato no muro, O visitante, Auto da barca de Camiri, As aves da noite, O novo
sistema, O verdugo, e A morte do patriarca; das oito, nossa escolha pelas quatro
citadas no título da pesquisa deve-se à forte conjugação entre o espaço e o corpo
das personagens, liames, que juntos, no conflito resultam em práticas vis que
oprimem as personagens. O rato no muro se passa no convento, O visitante se
desenrola numa casa claustrofóbica, O verdugo coloca a casa e a praça como
espaços de violência, e as Aves da noite se desenvolve no porão da fome, bunker
da morte utilizado no campo de concentração de Auschwitz. A partir do conjunto
de teorias que pensam as significações da violência, suas presenças e efeitos na
sociedade, nosso estudo verificou que a dramaturgia de Hilda Hilst possui um
forte teor de engajamento com seu tempo, tendo em vista que a produção das
peças se deu no momento em que o Brasil vivia a ditadura militar. Concluímos
também que a escolha da dramaturga por uma linguagem modalizada pelo matiz
poético intensifica os jogos de poder que culminam na violência a anular todos
aqueles que lutam por liberdade, poder de decisão e controle do próprio corpo.