Tesis
Nanoemulsão de gelificação in situ contendo cloridrato de moxifloxacino e betametasona para uso tópico no pós-operatório de cirurgias oculares
Fecha
2021-11-04Registro en:
CARDOSO, Camila Oliveira. Nanoemulsão de gelificação in situ contendo cloridrato de moxifloxacino e betametasona para uso tópico no pós-operatório de cirurgias oculares. 2021. 106 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Cardoso, Camila Oliveira
Institución
Resumen
Os procedimentos cirúrgicos oftálmicos podem gerar uma reação de infecção e inflamação no pós-
operatório imediato, o que torna essencial o manejo com antibióticos e corticosteroides. Contudo, a
baixa biodisponibilidade ocular de fármacos aplicados topicamente exige que haja uma aplicação
frequente desses dois tipos de medicamentos, resultando em danos à córnea e em reações adversas.
Assim, este estudo busca reduzir a frequência de aplicação de medicamentos e absorção sistêmica
por meio do desenvolvimento, caracterização e avaliação de nanoemulsões de gelificação in situ
contendo uma associação de dipropionato de betametasona (BET) e cloridrato de moxifloxacino (MOX),
visando a uma alternativa terapêutica mais cômoda, segura e eficiente para o uso pós-operatório de
cirurgias intraoculares. Foram desenvolvidos dois métodos analíticos, por cromatografia líquida de alta
eficiência, capazes de quantificar os fármacos MOX e BET em meio aos possíveis interferentes da
formulação e da córnea. A compatibilidade química entre os fármacos e excipientes da formulação foi
demonstrada por análise térmica e espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier, que
revelaram que a mistura dos componentes da formulação não promoveu degradação dos fármacos e
nem dos demais excipientes. Foram desenvolvidas nanoemulsões de gelificação in situ contendo MOX
e BET, por técnica de emulsificação espontânea seguida de ultrassonificação. A nanoemulsão de
geleificação in situ apresentou tamanho de gotícula igual a 28,0 ± 0,1 nm (PDI = 0,11 ± 0,01), potencial
zeta igual a -10,3 ± 0,1 mV, pH de 7,1 ± 0,1 e osmolaridade igual a 579,0 ± 9,4 mOsmol/kg, sendo que
esses últimos parâmetros garantem a tolerabilidade ocular da formulação. Com auxílio de um reômetro
oscilatório, foi avaliada a temperatura de transição solução-gel ou temperatura de gelificação e a
viscosidade da nanoemulsão de gelificação in situ contendo MOX e BET. A temperatura avaliada foi
ideal para gelificação na superfície ocular (32,0 ± 0,9 °C), apresentando-se no estado líquido quando
armazenada à temperaturas mais baixas, podendo ser instilada no olho com precisão da dose, e
quando em contato com a superfície ocular, essa formulação inicia seu processo de gelificação,
aumentando assim a sua viscosidade, que permite liberação controlada dos fármacos e aumento do
tempo de contato da formulação com a córnea. Ainda, as nanoemulsões obtidas foram avaliadas
quanto à estabilidade, em que as formulações armazenadas em temperatura de 30° ± 2°C
apresentaram sinais de instabilidade química a partir do 30o dia de armazenamento, enquanto as
formulações acondicionadas em 5° ± 3°C se mantiveram estáveis ao longo dos 90 dias de análise. A
liberação dos fármacos foi determinada in vitro durante um período de 2 h, utilizando uma membrana
sintética de celulose acoplada a uma célula de difusão do tipo Franz. As formulações apresentaram um
perfil controlado de liberação dos fármacos, exercendo um controle ainda mais prologado para o
fármaco lipofílico (BET) do que para o MOX. Os ensaios de penetração ex vivo foram realizados em
córnea de suínos, por um período de 1 h, em condições estáticas e simulando o fluxo lacrimal. Em
condições estáticas, as formulações nanoemulsionadas aumentaram a penetração do MOX na córnea,
contudo, reduziram a penetração do BET. No ensaio simulando o fluxo lacrimal, a penetração de MOX
a partir da nanoemulsão diminuiu 8 vezes em comparação com o teste estático, mas ainda foi 2-3 vezes
superior ao fornecido pelo controle, enquanto a penetração de BET na córnea foi mantida no nível do
ensaio estático. Assim, a nanoemulsão de gelificação in situ associando BET e MOX aumentou a
penetração do fármaco hidrofílico (MOX) na córnea e permitiu um maior tempo de residência do
fármaco lipofílico (BET) em contato a superfície ocular, sugerindo ser alternativa terapêutica além de
mais cômoda, mais eficiente para o uso no pós-operatório de cirurgias intraoculares.