Tesis
Tecnologia, informação e poder : das plataformas online aos monopólios digitais
Fecha
2020-02-18Registro en:
VALENTE, Jonas. Tecnologia, informação e poder: das plataformas online aos monopólios digitais. 2019. 399 f., il. Tese (Doutorado em Sociologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Valente, Jonas Chagas Lúcio
Institución
Resumen
O presente trabalho tem como tema central as plataformas digitais. Essas são caracterizadas por realizar a conexão entre indivíduos, empresas e instituições em diversas atividades. A novidade deste tipo de agente é o emprego de sua capacidade tecnológica para promover uma mediação ativa na articulação dessas práticas. Esses sistemas ancoram sua atuação na coleta massiva de dados por meio de práticas de vigilância e no processamento complexo e fornecimento de soluções inteligentes. O objetivo do trabalho foi examinar as plataformas digitais em seu desenvolvimento, tendo sido escolhidos para isso o Google e o Facebook, consideradas no trabalho os dois maiores agentes desta modalidade do mundo. A chave de leitura para o exame dessas plataformas foi a da tecnologia, tomando o referencial da Teoria Crítica da Tecnologia, mas oferecendo um marco conceitual-analítico próprio que denominamos Regulação Tecnológica. Neste, os artefatos e sistemas são vistos como processo, cujo desenvolvimento ocorre a partir da influência de vetores sociais e internos, que se manifestam no próprio conteúdo social dos artefatos. Assim como é forjada pelas dinâmicas societárias e do próprio campo da tecnologia, os sistemas também impactam a sociedade. O trabalho analisou as trajetórias tecnológicas do Google e do Facebook a partir dessa chave de leitura e identificou como essas são resultantes tanto dos vetores sociais de regulação (como a pressão para a oferta de serviços crescentemente informacionais de caráter personalizados e potencializando a realização de mercadorias por meio de uma publicidade segmentada) quanto do paradigma tecnológico das TIC (como o uso de dispositivos móveis, a coleta de dados massiva do chamado Big Data e o emprego de algoritmos e inteligência artificial no processamento e nas aplicações). As trajetórias dessas plataformas foram marcadas pela saída de seus nichos originais (o das redes sociais digitais, no caso do Facebook, e dos mecanismos de busca, no caso do Google) para ir além destas e entrar em novos segmentos (como o de realidade virtual no caso do Facebook ou de sistemas operacionais no caso do Google). Isso configura o que chamamos de monopólios digitais, fenômeno em que plataformas digitais utilizam seu número de usuários, base de dados e poder tecnológico para ampliarem sua atuação, influenciarem o ambiente digital como um todo e outras esferas de atividade da sociedade, com impactos em diversos aspectos da vida humana, incluindo na garantia ou prejuízo a direitos de indivíduos e organizações.