Tesis
Análise comparativa entre isolados de Fonsecaea sp na modulação da resposta imune do hospedeiro : papel das vesículas e componentes extracelulares
Fecha
2021-11-17Registro en:
LAS-CASAS, Lucas de Oliveira. Análise comparativa entre isolados de Fonsecaea sp na modulação da resposta imune do hospedeiro: papel das vesículas e componentes extracelulares. 2021. 102 f., il. Dissertação (Mestrado em Biologia Molecular)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Las-Casas, Lucas de Oliveira
Institución
Resumen
A cromoblastomicose (CBM) é uma micose cutânea e subcutânea crônica, causada por fungos negros, dimórficos e filamentosos da família Dematiaceae. Fonsecaea pedrosoi é considerado uma das principais espécies causadoras da doença no Brasil, apesar de que F. monophora, F. nubica e F. pugnacius terem sido descritas como outras espécies capazes de causar CBM em humanos. Todas estas espécies possuem a capacidade de transitar entre as formas saprofíticas, conídios e hifas, e a forma patogênica do fungo, as células muriformes (MCs). Fatores de virulência produzidos por fungos, como vesículas extracelulares (EVs) e moléculas extracelulares presentes no meio condicionado (CM) vem sendo mais estudados nos últimos anos, apesar de existirem poucas informações sobre o papel destas moléculas extracelulares durante a CBM. Este trabalho visa compreender os padrões imunoestimulatórios in vitro e in vivo causados por EVs e CMs produzidos por F. pedrosoi, F. monophora, F. nubica e F. erecta isolados a partir de conídios e hifas cultivados em meio rico (RM) e meio mínimo (MM), além de analisar o papel
dessas moléculas quando produzidas na presença ou ausência de MCs. Em relação as diferentes condições nutricionais de cultivo, foi demonstrado que EVs produzidas em RM tem maior capacidade de estimular a produção de TNF, IL-1β e IL-10 por BMDMs em comparação a EVs produzidas em MM na presença ou na ausência de MCs. Tais resultados são diferentes dos observados para EVs de C. neoformans produzidas em RM e MM, em que EVs isoladas de MM demonstram estimular mais a produção de citocinas pró-inflamatórias do que em RM. Já os CMs demonstram ser mais pró-inflamatórios do que as EVs, principalmente os isolados a partir de MM na ausência de MCs, aumentando os níveis de secreção das citocinas TNF, IL-1β e IL-10 in vitro. Por fim, os CMs produzidos por F. pedrosoi e F. erecta foram utilizados como tratamento in vivo e demonstraram agravar a progressão da CBM em modelo murino, aumentando o diâmetro da área da lesão, o número de unidades formadoras de colônia e os níveis das citocinas pró-inflamatórias TNF e IL-1β em relação ao controle positivo tratado com PBS. Já foi observado que as moléculas presentes no CM produzidos pela forma capsular de C. neoformans conseguem inibir a
ativação do inflamassoma NLRP3 e promover a proliferação celular in vitro, indicando que as moléculas presentes nos CMs de fungos patogênicos possuem potencial de imunomodular a resposta imune do hospedeiro. Desta forma, observa-se que as EVs e os CMs produzidos por diferentes espécies do gênero Fonsecaea possuem a capacidade tanto de estimular, quanto de inibir a secreção de citocinas importantes na resposta imune inata como TNF, IL-1β e IL-10, demonstrando serem moléculas com capacidade de virulência e possivelmente, de modular a progressão da CBM em humanos.