Tesis
Geographical variation and current knowledge on breeding patterns of Neotropical accipitrid raptors
Fecha
2018-08-21Registro en:
MONSALVO, Julio Amaro Betto. Geographical variation and current knowledge on breeding patterns of Neotropical accipitrid raptors. 2018. 140 f., il. Dissertação (Mestrado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
Autor
Monsalvo, Julio Amaro Betto
Institución
Resumen
Estudos de história de vida em aves frequentemente restringem-se ao paradigma latitudinal de variação nos tamanhos de ninhada, ignorando o valor dos trade-offs entre os diferentes parâmetros, como o comprimento da estação reprodutiva (breeding season length; BSL). Acredita-se que este parâmetro apresente também uma clina latitudinal, com um aumento da duração em direção aos trópicos. Também há evidências de variação latitudinal nas estações reprodutivas entre táxons próximos, mas há muito se debate a capacidade de aves de baixas latitudes responder a mudanças no comprimento do dia. Resultados de estudos feitos na América do Sul e no Hemisfério Sul como um todo desafiam o paradigma latitudinal de BSLs. A maioria dessas pesquisas foca em comunidades de Passeriformes, ignorando espécies de maior tamanho corporal como rapinantes, mas é essencial verificar se os padrões se sustentam entre diferentes clados de aves. Além disso, esse conhecimento pode ser relevante para o manejo e conservação das espécies. Analisei a ocorrência de variações geográficas em parâmetros reprodutivos de Accipitridae neotropicais. No primeiro Capítulo, motivado pela ausência de uma revisão recente e abrangente do estado-da-arte que englobasse toda a região Neotropical, examinei lacunas no conhecimento sobre a biologia reprodutiva dessas aves. Compilei 457 referências bibliográficas, produzidas desde a última revisão similar (Bierregaard 1995), com registros reprodutivos de 56 espécies. Ainda que 66% destas espécies tenham apresentado incrementos no estado de conhecimento, para sete o ninho ainda não foi descrito, e/ou há uma completa ausência de informação sobre comportamentos reprodutivos. Dentre estas, o antigo “clado Leucopternis” segue como o caso mais problemático. Forneço uma classificação atualizada de níveis de conhecimento sobre a biologia reprodutiva dos Accipitriformes neotropicais, e apresento uma lista de 24 espécies prioritárias para estudos sobre biologia reprodutiva, considerando tanto lacunas no conhecimento quanto atual relevância para a conservação. A revisão realizada no Capítulo 1 serviu de base e viabilizou as análises do Capítulo 2, usando dados do clado ‘buteonines’, um diversificado grupo monofilético de Accipitridae, com biologia reprodutiva relativamente bem conhecida. Verifiquei nesse Capítulo se esses raptores apresentam padrões de variação geográfica nas estações reprodutivas. Obtive 1541 registros de ninhos de 27 espécies da região Neotropical, da literatura e também de 16 coleções de ovos em museus. Os registros foram divididos em amostras (‘units’), entre diferentes faixas latitudinais, de acordo com a filogenia e atributos ecológicos e biogeográficos relevantes, e também entre ecorregiões. Diferenças significativas foram encontradas entre as estimativas de início da estação reprodutiva (initiation of the breeding season; IOB) de diferentes faixas latitudinais: as médias de populações tropicais do sul divergiram daquelas tanto das populações tropicais do norte (ANOVA; Q = 5,987; P < 0,001) quanto das temperadas do sul (Q = 6,731; P < 0,001). Estimativas de IOB são negativamente correlacionadas com a latitude (r = -0,667, r² = 0,445, P = 0,018). Valores de BSL variaram significativamente menos que os de IOB (testes a posteriori Fligner-Kileen para coeficientes de variação), e não encontrei suporte para a predição de que duração das estações reprodutivas das populações de diferentes espécies em uma mesma faixa latitudinal divergem significativamente das de outras faixas. Além disso, populações migrantes e não-migrantes não tiveram BSLs significativamente distintos, e nenhum tipo de “efeito de ilha” ocorreu com os BSLs de populações insulares em vários níveis de isolamento. As estações reprodutivas de buteonines iniciam muito mais cedo que as de Passeriformes, e provavelmente também que as de outros Accipitridae, tanto em uma mesma área quanto em outras regiões do globo. Há um padrão de clinas latitudinais nos IOBs, com as estações reprodutivas começando até 100 dias antes do equinócio em ambas as faixas tropicais, porém mais atrasadas na faixa temperada. Essas conclusões sugerem que estímulos de comprimento dos dias sejam a principal causa proximal definindo o início das estações reprodutivas dessas aves. Também sugiro que imprevisibilidade climática não necessariamente selecionaria maiores estações reprodutivas em aves; e demonstrei que, entre buteonines neotropicais, BSLs de migrantes de curtas distâncias são muito similares aos de não-migrantes, indicando ausência de restrições temporais para sua reprodução. Isolamento reprodutivo e/ou evolutivo de populações insulares por si só pode não levar a uma maior divergência em parâmetros reprodutivos em relação a populações continentais. Devido a escassez de dados comportamentais e ecológicos para a maioria destas espécies, especialmente no norte e centro da América do Sul, ressalto a relevância de conduzir estudos detalhados com populações distintas, e evidencio como a cuidadosa análise de coleções oológicas pode preencher algumas lacunas de conhecimento. Também demonstro como pesquisas podem prover novas evidências e postular hipóteses testáveis, mesmo com dados muito distantes do ideal.