dc.description.abstract | Essa dissertação analisa as manifestações prosódicas do foco no português brasileiro – PB e se enquadra na linha de estudos integrados entre fonética e fonologia, mais especificamente no campo denominado Fonologia Experimental, que se define como uma área de estudos experimentais que busca validar hipóteses fonológicas via experimentação (OHALA & JAEGER, 1986). Buscamos realizar um experimento que permitisse aprofundar a compreensão dos aspectos acústicos da prosódia bem como de suas interfaces com outros domínios linguísticos e, para isso, optamos pela análise de alguns aspectos do foco enquanto categoria linguística. Dessa forma, nossos objetivos para essa pesquisa foram: i) realizar um experimento que permitisse investigar e descrever a prosódia do foco via análise dos correlatos acústicos referentes ao constituinte focado, considerando não só as medidas de frequência fundamental - f0, mas também as medidas de intensidade e duração, ii) comparar os valores dos correlatos acústicos do constituinte focado entre as sentenças que possuem e as que não possuem marcadores sintáticos para o foco e iii) contribuir para a descrição do fenômeno do foco no PB, buscando encontrar possíveis padrões para os diferentes tipos de sentenças analisadas. As sentenças analisadas possuíam foco informacional ou contrastivo no objeto e no sujeito. A focalização poderia ser prosódica (e.g., A RENATA comprou um tapete no shopping x A Renata comprou um TAPETE no shopping) ou sintática (sentenças clivadas e pseudoclivadas). Após as gravações dos áudios, segmentamos a vogal pretônica e a vogal tônica do constituinte focado. Dessas vogais, extraímos os valores dos correlatos acústicos, quais sejam: f0, intensidade e duração. Para analisar os valores de f0, procedemos a uma transformação dos valores originais em uma escala de semitons, como proposto em Nooteboom (1997) e replicado em outros trabalhos recentes (ZENDRON DA CUNHA, 2016). Os resultados obtidos apontam que a prosódia se mantém relevante para assinalar o foco, mesmo em presença de focalização sintática, conforme nossa hipótese inicial sugeria. Na primeira parte da análise, utilizamos a ANOVA como técnica para analisar o comportamento da prosódia na presença ou ausência de foco e percebemos que o correlato acústico que apresentou evidência mais forte de diferença entre os grupos comparados (neutro x foco contrastivo x foco informativo) para as sentenças prosódicas foi o semitom na vogal da sílaba pretônica e para as sentenças com focalização sintática (clivadas e pseudoclivadas), foi a duração na sílaba tônica, tanto para o foco no sujeito quanto para o foco no objeto, embora os resultados do foco no objeto tenham sido mais expressivos. Uma segunda ANOVA foi realizada para avaliar a manifestação do foco nos diferentes tipos de sentenças. Os resultados apontaram para a maior relevância do correlato intensidade na diferenciação dos tipos de sentenças utilizadas para focalização, além de influências do correlato duração, distinguindo as sentenças com focalização sintática das sentenças com focalização prosódica. Também observamos um padrão diferenciado das sentenças pseudoclivadas em relação às demais, sugerindo que a posição do constituinte focado na sentença, à margem esquerda ou direita, apresenta influência consistente sobre a prosódia. Orientados pelos resultados dos dados descritivos e das ANOVA’s, passamos à segunda parte da análise, em que pretendíamos ter uma visão global acerca do foco. Realizamos uma regressão logística com todas as variáveis quantitativas em um só modelo, cuja variável resposta foi a presença ou a ausência de foco. Na análise de regressão, o semitom da vogal pretônica emergiu como variável determinante na marcação do foco, independentemente da posição do constituinte focado ou da presença de focalização por clivagem, evidenciando assim a constância da prosódia nos diversos contextos de marcação de foco. | |
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