Tesis
A rede de produção de Soja Certificada RTRS de Mato Grosso e Goiás
Registro en:
RAASCH, Werlen Gonçalves. A rede de produção de Soja Certificada RTRS de Mato Grosso e Goiás. 2020. 156 f., il. Dissertação (Mestrado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Raasch, Werlen Gonçalves
Institución
Resumen
Esta pesquisa tem como objetivo central compreender as multidimensionalidades da certificação RTRS nos espaços produtivos dos Estados de Mato Grosso e Goiás no contexto de difusão do agronegócio globalizado. E foram definidos foram definidos três objetivos específicos: a) Verificar a difusão da soja e o processo de comoditização nas áreas de Cerrado; b) identificar o quantitativo de estabelecimentos rurais e a produção da soja certificada RTRS nos Estados de Mato Grosso e Goiás; c) analisar os interesses dos atores envolvidos no processo de certificação RTRS das redes de produção da soja de Mato Grosso e Goiás. Para desenvolvimento desta pesquisa, foi realizado pesquisa documental, trabalhos de campo e entrevistas. Em relação a produção de soja certificada RTRS no Brasil, no ano de 2018 foram 226 propriedades certificadas em 77 municípios com área de abrangência de 1.041.369,00 (ha) de área plantada e produção de 3.919.545,06 (T). O Mato Grosso possuí atualmente o maior número de estabelecimentos certificados com o padrão RTRS. No ano de 2018 foram 79 propriedades certificadas em 26 municípios, com área de abrangência de 504.733,09 (ha) de área plantada de soja certificada, correspondendo a 48,47% de área plantada em todo o Brasil. Neste ano a produção estadual foi de 1.796.836,24 (T), o que representou 45,84% da soja certificada RTRS. Em relação a soja certificada em Goiás, o Estado possuí o segundo maior quantitativo de fazendas certificadas no país. No ano de 2018 foram 58 fazendas certificadas, com área total de 101.615 ha e 75.755 ha de área plantada e produção para o ano foi de 284.430 toneladas. Nesse contexto, foi identificado que a RTRS é um Ator Líder de uma rede de produção global própria. A organização é provedora de um produto “gourmetizado”, na medida em que os produtores de soja utilizam do padrão RTRS de soja responsável para melhorar as formas de produção existentes. A RTRS é fruto da auto-organização da rede de produção da soja, sendo orquestrada por atores e partes interessadas em escalas espaciais diversas. As decisões dos atores globais que estão na mesa redonda são refletidas nos lugares, onde se dá a produção. A soja certificada está enraizada nos territórios produtivos de soja não certificada, que estão difundidas nas áreas do bioma Cerrado. A certificação altera as formas dos objetos artificiais e os sistemas de ações são alteradas, portanto, na perspectiva de espaço geográfico de Santos (2006), a certificação RTRS (re) configura o espaço agrário dos lugares certificados. E mais, o padrão RTRS através da certificação normatiza não apenas às práticas do ponto de vista social e os objetos artificias das fazendas, ele normatiza o uso e ocupação da terra, ao exigir desmatamento zero do produtor, critério que transcende a legislação nacional. Desse modo, o território é normatizado num movimento, sim, voluntário, mas há consigo arestas de decisões verticalizadas. As impressões deixadas pela certificação socioambiental, em especial o padrão RTRS de responsável, foi que esse é um instrumento educativo para os produtores que se certificam, promovendo uma nova governança nas formas de produção ao implicar em mudanças estruturais e boas práticas agrícolas nas fazendas certificadas. Concluímos que a certificação na sojicultura é um instrumento, a princípio, com limitação de expansão de demanda do mercado porque os atores e partes interessadas com interesses escusos conectados a margem de lucro e a espoliação corporativa o controlam, sendo estes elementos indissociáveis do sistema de produção hegemônico vigente.