Tesis
Interação comunicativa virtual : avatares e simulacros na comunidade de fala virtual ATEA
Fecha
2021-12-07Registro en:
SILVA, Anderson Nowogrodzki da. Interação comunicativa virtual: avatares e simulacros na comunidade de fala virtual ATEA. 2021.133 f., il. Tese (Doutorado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Silva, Anderson Nowogrodzki da
Institución
Resumen
Este trabalho busca analisar o modo como as interações comunicativas são transpostas da
realidade física, em que se manifestam por meio da interação face a face, para a realidade virtual,
em que o corpo se estende a representações digitais das identidades dos falantes, dando forma
à interação comunicativa virtual, manifesta nas redes sociais digitais. Entender o processo de
virtualização das interações comunicativas é fundamental para que se compreenda a dinâmica
das redes sociais digitais e os efeitos das relações virtuais na realidade física. Por isso, a
Ecolinguística se apresenta como uma teoria significativa para este estudo, na medida em que,
segundo Couto (2016a), olha-se para as interações comunicativas na realidade física como
constituintes de um ecossistema linguístico, ou seja, uma rede de relações antropogênicas que
se apoia no entrelaçamento e na integração entre um povo, um território e uma língua (enquanto
forma regular de interagir). Partindo desse pressuposto, é possível entender que o processo de
virtualização das relações só será possível por meio da desterritorialização, ou seja, da
supressão de uma das bases do ecossistema linguístico, o território. O ecossistema abre espaço
para a virtualidade como uma extensão de si, provocando um afastamento corpóreo entre os
falantes e dando forma a complexos interacionais virtuais. Os sistemas eletrônicos podem ser
caracterizados, portanto, como suportes na mediação das interações entre usuários das redes
sociais digitais. Demanda-se, assim, a reestruturação do sistema de interações comunicativas,
pois o corpo, como uma parte do ecossistema linguístico, não está presente na realidade virtual.
Cria-se a necessidade de desenvolver novas formas de interagir nas redes sociais digitais que
não sejam mobilizadas pelo corpo, mas por ferramentas interacionais que possibilitem ao usuário
se projetar numa máscara digital, num avatar, que o representa, permitindo que ele se revele
enquanto indivíduo subjetivado e integre comunidades de fala virtuais, assegurando sua
existência num mundo de abstrações. Amparada por uma abordagem qualitativa, esta pesquisa
tem como objetivo geral compreender e expor o modo como acontece a transposição da
interação comunicativa face a face para a interação comunicativa virtual, evidenciando suas
características, a fim de clarificar a nova dinâmica estabelecida pela emergência da realidade
virtual no século XXI, além de constatar os efeitos desse complexo virtual na realidade física.
Para tanto, foram traçados os seguintes objetivos específicos: a) apresentar o ecossistema
linguístico e o modo como a interação comunicativa face a face se dinamiza dentro de
comunidades de fala, aplicando, para tanto, conceitos teórico -epistemológicos da Linguística
Ecossistêmica; b) observar o modo como a interação comunicativa virtual se estabelece nas
redes sociais digitais, por meio do processo de virtualização das relações e da
desterritorialização do ecossistema linguístico, descrevendo as ferramentas interacionais que
emulam regras interacionais na realidade virtual; e c) verificar o modo como a realidade virtual é
constituída, analisando, para isso, o movimento social neoateísta, enfocando a Associação
Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA), um grupo do Facebook que é estruturado como
comunidade de fala virtual.