Tesis
Alteração da base de precificação e custeio dos sistemas de transporte público urbano no Brasil
Fecha
2021-12-08Registro en:
CARVALHO, Carlos Henrique Ribeiro de. Alteração da base de precificação e custeio dos sistemas de transporte público urbano no Brasil. 2021. 373 f. Tese (Doutorado em Economia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Carvalho, Carlos Henrique Ribeiro de
Institución
Resumen
O transporte público urbano no Brasil vem passando por uma crise estrutural nos últimos 30
anos consubstanciada pela perda de atratividade perante as modalidades individuais
motorizadas. Um dos motivos para essa perda de atratividade é a estrutura de custeio e
financiamento, muito focada na arrecadação tarifária, o que tem imprimido aumento de custo
real das tarifas, ao mesmo tempo que o transporte individual vem passando por períodos de
barateamento de custos, fruto de políticas benéficas a esse segmento. O modelo de custeio
exclusivo da tarifa se mostrou muito regressivo, pois recai basicamente sobre os mais pobres,
e também pouco inclusivo, base de arrecadação restrita e injusto socialmente. Na estrutura de
custeio do sistema de mobilidade como um todo não há base de cobrança pigouviana (quem
polui mais, paga mais) e a estrutura de mercado dos sistemas públicos é pouco adequada para
utilização de subsídios cruzados, já que os mais ricos pouco contribuem para o custeio desses
sistemas. É proposto um novo modelo com base em princípios da progressividade, pagamento
pigouviano, ampliação da base arrecadatória e pagamento pelas gratuidades com recursos
extra tarifários. Assim é proposto um leque de possibilidades de fontes alternativas de custeio
que atendem esses princípios. Foi realizada algumas simulações, na qual as fontes variadas
de custeio são consideradas. Como o pagamento pigouviano se torna um elemento central
desse novo modelo, são analisados os impactos sobre os orçamentos das famílias e também
sobre o abatimento das externalidades negativas hoje produzidas pelas famílias. Observou-se
que políticas de redução tarifária do TPU de até 60% pela arrecadação extra tarifária via fontes
selecionadas não abatem completamente os custos das externalidades produzidas pelas
famílias mais ricas, usuárias intensivas de TI.Quando se aplica a tarifa zero, consegue-se
ultrapassar o limite de abatimento total das externalidades produzidas por essas famílias, o que
pode ser pouco eficiente economicamente, apesar da justificativa destacada de equidade
social. Políticas de redução tarifária acabam beneficiando as empresas pela redução do custo
do vale-transporte, o que demanda políticas de contribuição sobre a folha complementar, a
exemplo do modelo francês. Observou-se também que a taxação do TI é importante para o
balanço final das compensações das externalidades, sendo que o foco na propriedade e uso
(IPVA e gasolina) são maneiras mais eficientes de fazer isso, sem prejudicar o desempenho da
indústria automobilística. Vale ressaltar que esse novo modelo impacta mais as famílias ricas,
mas essas não apresentariam impactos sobre a sua mobilidade, já que elas têm capacidade de
absorver esse incremento de custo. A vantagem adicional desse novo modelo de
financiamento é a possibilidade de investir parte dos recursos na melhoria da infraestrutura de
transporte, melhorando as condições de mobilidade de todos sem jogar o ônus sobre os mais
pobres.