Tesis
Desenvolvimento emocional de alunos superdotados : estudo comparativo acerca das sobre-excitabilidades
Fecha
2020-01-28Registro en:
SOUSA, Rhaissa Andrêssa Ramos de. Desenvolvimento emocional de alunos superdotados: estudo comparativo acerca das sobre-excitabilidades. 2019. xvi, 117 f., il. Dissertação (Mestrado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2019.
Autor
Sousa, Rhaissa Andrêssa Ramos de
Institución
Resumen
O desenvolvimento emocional de pessoas superdotadas vem, cada dia mais, despertando o interesse de pesquisadores e educadores. As sobre-excitabilidades, construto da Teoria da Desintegração Positiva, definidas como hipersensibilidade ou intensidades na forma de vivenciar a vida, têm sido utilizadas para caracterizar, do ponto de vista socioemocional, indivíduos com potencial superior. Apesar de a literatura ratificar a associação entre sobre-excitabilidades e superdotação, bem como seu reflexo no contexto escolar e familiar, observa-se que a avaliação de tais intensidades não vem sendo contemplada no processo de identificação e promoção das altas habilidades, uma vez que a relação entre a área de domínio do talento e os padrões de sobre-excitabilidades é pouco conhecida. Deste modo, o presente estudo teve como objetivo comparar estudantes com talento acadêmico, com talento artístico e de salas de aula regulares (não superdotados) em relação às sobre-excitabilidades, assim como investigar a percepção de professores de um atendimento educacional especializado a alunos com altas habilidades/superdotação acerca do desenvolvimento emocional de seus estudantes. A amostra foi constituída por 150 alunos, sendo 52 com talento acadêmico, 47 com talento artístico e 51 de salas regulares, além de seis professores. Aos estudantes foram aplicados um questionário de caracterização dos participantes e a Escala de Sobre-excitabilidades. Também realizou-se uma entrevista semiestruturada com os professores. Os dados quantitativos provenientes da escala foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial. Os relatos obtidos a partir das entrevistas foram tratados mediante análise de conteúdo na perspectiva de Bardin. Os resultados sugeriram relação entre a área de domínio do talento e os padrões de sobre-excitabilidades. Alunos com talento acadêmico apresentaram médias superiores nos padrões de sobre-excitabilidade intelectual e imaginativa quando comparados aos alunos das salas regulares. Já os alunos com talento artístico destacaram-se no padrão de sobre-excitabilidade imaginativa em comparação aos alunos não superdotados. Diferenças significativas entre os grupos de alunos talentosos somente foram identificadas nas sobre-excitabilidades psicomotoras, na qual superdotados acadêmicos apresentaram médias superiores. Em relação ao gênero, mulheres superdotadas obtiveram pontuações mais altas no padrão de sobre-excitabilidade emocional comparativamente aos homens talentosos. No que diz respeito aos resultados das entrevistas com os professores, de maneira geral, as características emocionais dos superdotados foram associadas a transtornos e fragilidades psicológicas, refletindo nas atividades de sala de aula. Os docentes relataram ainda que esses estudantes possuem uma visão de mundo diferenciada daquela dos alunos provenientes das salas regulares, destacando a importância da dimensão emocional no desenvolvimento desse público. Contudo, apontaram uma lacuna na formação em relação a esse aspecto, ao mesmo tempo em que ressaltaram a necessidade de o psicólogo escolar ter uma atuação mais efetiva na mediação do desenvolvimento emocional do aluno superdotado. Nessa direção, sugere-se: (a) implementação de programas de formação de professores e psicólogos escolares acerca das sobre-excitabilidades em alunos superdotados; (b) utilização de instrumentos que examinem as sobre-excitabilidades na identificação e promoção do talento; (c) construção de estratégias educacionais que recorram às sobre-excitabilidades como instrumento facilitador do processo de aprendizagem, assim como dos relacionamentos sociais estabelecidos na escola; (d) realização de encontros psicoeducativos aliados a rodas de conversas para familiares com o intuito de difundir informações sobre a temática.