Tesis
Regeneração de comunidades graminóides após degradação severa no Cerrado
Fecha
2022-09-26Registro en:
HORSTMANN, Natanna. Regeneração de comunidades graminóides após degradação severa no Cerrado. 2021. 50 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Horstmann, Natanna
Institución
Resumen
Campos e savanas abrigam parte relevante da biodiversidade global. Há nessas
vegetações um estrato rasteiro contínuo, composto por herbáceas e arbustos, em que
árvores se distribuem espaçadamente. O Cerrado conta com elevado grau de
endemismo, riqueza, e diversidade de espécies no estrato graminóide. Entretanto,
mudanças recentes e aceleradas no uso do solo deixaram um extenso legado de áreas
degradadas no bioma. Pouco se sabe sobre as respostas do estrato graminóide à
degradação, especialmente em condições que comprometem a capacidade de rebrota.
Este trabalho buscou entender os potenciais e as limitações da recolonização da
vegetação nativa a partir da análise da cobertura por forma de vida, riqueza de espécies,
composição de comunidades graminóides e estratégia de regeneração das espécies
indicadoras de áreas degradadas e conservadas. O estudo foi realizado na Reserva de
Desenvolvimento Sustentável Nascentes Geraizeiras, MG. Foram realizadas
amostragens pelo método de interceptação de pontos em linha em 31 áreas de
amostragem localizadas em áreas degradadas e abandonadas pela silvicultura de
Eucalipto com baixa (ADE-B) ou moderada porcentagem de solo exposto (ADE-M) e
pela mineração de quartzo (ADM), e em áreas conservadas de Cerrado Típico (CT) e
Campo Sujo (CS). Para investigar a estratégia de regeneração, foram avaliados: massa e
produção de sementes, estrutura de rebrota/reprodução vegetativa e ciclo de vida. Foram
realizadas análises de variância para as coberturas por forma de vida e riqueza de
espécies; análise de variância multivariada para a composição de comunidades
graminóides e análise de espécies indicadoras. ADM teve mais solo exposto e menor
cobertura graminóide do que CS e CT e menor cobertura de árvores do que CT. ADE-M
e ADE-B não diferiram de CS em relação às formas de vida, mas tiveram menor
cobertura de árvores e maior cobertura de graminóides que CT; ADE-M teve mais solo
exposto do que CS e CT. A riqueza de espécies graminóides foi similar entre as áreas,
mas as comunidades graminóides formadas apresentaram distintas composições. Com
elevada produção de sementes com baixa massa e com túnicas, Aristida setifolia e
Aristida glaziovi foram consideradas indicadoras das áreas degradadas; com baixa
produção de sementes com elevada massa e com rizomas basais, Trachypogon spicatus
foi reconhecida como indicadora das áreas conservadas; com produção moderada de
sementes com massa intermediária e com rizomas basais, Mesosetum loliiforme foi
identificada como indicadora de ADE-B e CS. A forma de vida graminóide foi a que
mais contribuiu em cobertura e as comunidades graminóides formadas foram distintas
nas áreas conservadas e nos tipos e intensidades de degradação, indicando uma
amplitude de nicho nesse estrato, que pode ser usada como insumo para a restauração
ecológica. Graminóides colonizadoras das áreas mais degradadas promovem o
recobrimento rápido do solo e, provavelmente, facilitam o estabelecimento de outras
espécies, e devem ser consideradas em projetos de restauração ecológica. Espécies
graminóides das áreas conservadas foram capazes de colonizar as áreas menos
degradadas, entretanto, algumas espécies permaneceram ausentes. Além de espécies de
recobrimento rápido, espécies que asseguram a cobertura do solo em longo prazo, por
possuírem estruturas de rebrota, também devem ser incorporadas em projetos de
restauração no Cerrado.