Tesis
Escolarização de crianças com doenças crônicas : "eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada”
Fecha
2017-04-26Registro en:
BATISTA, Anelice da Silva. Escolarização de crianças com doenças crônicas: "eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada”. 2017. xxix, 105 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.
Autor
Batista, Anelice da Silva
Institución
Resumen
Crianças com doenças crônicas sofrem desvantagem no que se refere à convivência na escola, em decorrência dos tratamentos, das consultas regulares e das intercorrências que resultam em hospitalizações. Em razão desse contexto, não podem frequentar a escola com regularidade, ficando afastadas dos seus pares e perdendo oportunidades de aprendizagens, o que compromete suas escolarizações. Essas crianças vivem uma realidade que envolve pelo menos duas instituições e suas respectivas equipes: a escola, com a equipe pedagógica responsável pela sua formação, e o hospital, com a equipe médica, responsável pela sua saúde. O presente estudo buscou compreender a realidade dessas crianças tendo como foco central os seus processos de aprendizagens, a partir de uma escuta sensível. Para tanto, foram utilizados os princípios do método da Medicina Narrativa, que permitiu uma aproximação e o estabelecimento de vínculos afetivos entre a pesquisadora e as crianças participantes da pesquisa. A instituição hospitalar onde a pesquisa foi realizada indicou dez crianças com o perfil de interesse do estudo. Após as respectivas negociações e autorizações necessárias, três crianças com idade entre 7 e 9 anos, sendo um menino e duas meninas, com insuficiência renal crônica em estágio III, leucemia e síndrome nefrótica, respectivamente, participaram do processo. Foram realizadas oficinas pedagógicas com jogos, conto e reconto de histórias e produções textuais. Verificou-se que, além do diagnóstico médico que já carregam, às crianças é também atribuído o diagnóstico de dificuldade de aprendizagem, este justificado pelo adoecimento, como uma derivação deste. E como uma profecia autorrealizadora, as crianças, de fato, em decorrência das constantes ausências da escola, muitas vezes por períodos prolongados, perdem o ritmo e não conseguem aprender os conteúdos que são ensinados pela escola. Em consequência, vão ficando cada vez mais atrasadas em relação aos colegas de turma, perdem a motivação para frequentar a escola, duvidam de sua própria capacidade de aprender e se desencantam. Dessa forma, considera-se urgente se (re)pensar a formação dos educadores que atuam com crianças que se ausentam frequentemente da escola em razão de tratamentos necessários a sua saúde. Além disso, olhar atentamente para essas crianças para compreender suas necessidades e atender as suas demandas. Por fim, considera-se fundamental que as duas equipes que atuam diretamente com essas crianças, a pedagógica e a médica, trabalhem de forma conjunta, em parceria, tendo em vista os interesses das crianças.