Tesis
Efeitos do tratamento da superfície do titânio com ozônio sobre as propriedades osteocondutoras : uma revisão sistemática
Fecha
2021-07-19Registro en:
SANTOS FILHO, José Henrique Gomes dos. Efeitos do tratamento da superfície do titânio com ozônio sobre as propriedades osteocondutoras: uma revisão sistemática. 2020. 66 f., il. Dissertação (Mestrado em Odontologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Santos Filho, José Henrique Gomes dos
Institución
Resumen
Biomateriais metálicos têm sido utilizados na prática clínica médica e odontológica há muitos anos. De todos esses compostos metálicos o titânio e suas ligas estão entre aqueles com melhores resultados, principalmente por apresentarem biocompatibilidade e um eficiente mecanismo de união com o osso do paciente chamado de osseointegração. A partir do sucesso do titânio, muitos estudos foram realizados com o objetivo de se identificar quais características físicas e químicas e em quais condições a osseintegração poderia ser favorecida. Atualmente, sabe-se que rugosidade, composição química e molhabilidade (hidrofilia) são características da superfície do titânio com papel determinante na osseointegração. Assim, tornou-se objeto de muitas pesquisas qual seria o melhor método para o tratamento do titânio com o propósito de melhorar essas propriedades. A partir dessa premissa, inúmeros métodos de tratamento da superfície do titânio foram descritos na literatura, inclusive o ozônio, conhecido como potente oxidante que reage com substâncias orgânicas e inorgânicas. No entanto, existe uma certa inconsistência na literatura acerca dos resultados, concentração ideal, tempo de exposição, veículos de aplicação tópica do ozônio e da sua real efetividade. O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do tratamento da superfície do titânio com ozônio sobre suas propriedades osteocondutoras. Método: Busca nas bases de dados Pubmed, Cochrane, LILACS, Web of Science, Scopus e complementação pela busca em literatura cinzenta por meio Google Scholar, OpenGrey, Proquest e pesquisa manual. Foram incluídos apenas estudos laboratoriais in vitro e in vivo (em animais) em que a superfície de corpos de prova de titânio comercialmente puro ou suas ligas tenham sido tratada com gás ozônio, água ou óleo ozonizados, comparados com corpos de prova não tratados ou tratados com ar, água ou óleo não ozonizados, ou ainda outro tratamento ativo de superfície, e em que as propriedades osteocondutoras foram testadas (topografia da superfície, composição química e/ou hidrofilia/molhabilidade, além de crescimento celular, morfologia e atividade de fosfatase alcalina). A qualidade metodológica foi avaliada por meio de instrumento para estudos in vitro adaptado de Sarkis-Onofre et al. (2014) e por meio de instrumento para análise do risco de viés dos estudos in vivo SYRCLE RoB tool (Hooijmans et al., 2014). Resultados: Após o processo de seleção de artigos, nove estudos laboratoriais in vitro preenchiam os critérios de elegibilidade. Oito deles avaliaram o efeito do tratamento da superfície do titânio com ozônio na forma de gás e um trabalho avaliou o tratamento com água ozonizada. Todos relataram as alterações provocadas nas superfícies tratadas em relação à molhabilidade, rugosidade e composição da superfície. Seis deles também relataram resultados de análises celulares como morfologia, crescimento e atividade de fosfatase alcalina. Em oito estudos o tratamento com ozônio alterou a superfície do titânio de forma positiva em relação às propriedades osteocondutoras e em um estudo não houve alteração significativa em relação ao grupo controle, provavelmente pelo tempo de exposição das amostras ao gás ter sido consideravelmente menor que nos outros estudos, porém, por não ter alterado a superfície não prejudicou a osteocondução. Dentre os nove estudos incluídos, dois deles [1,9] apresentaram análises in vivo. Os implantes com as superfícies tratadas foram cirurgicamente instalados em tíbias de ratos. Em diferentes períodos pós-operatórios esses ratos foram sacrificados e vários testes realizados como Torque para remoção (RTQ), teste mecânico de osseointegração, análise histológica e histomorfométrica. Como resultados descreveram que o tratamento com ozônio promoveu diminuição da resposta inflamatóriado e do tempo para osseiontegração, além de melhorar a força mecânica e promover osteogênese. No geral, o risco de viés foi moderado para os estudos in vitro e alto para os estudos in vivo. Isso se deve ao fato dos artigos não definirem de forma clara os cálculos amostrais e padronização das amostras e grupos, além de não descreverem adequadamente os meios para cegamento dos pesquisadores e cuidadores. Conclusão: Existe evidência de que o tratamento da superfície do titânio e suas ligas com ozônio possa influenciar positivamente na melhora das características de superfície como rugosidade, molhabilidade e composição química favorecendo a osteocondução, porém deve-se ter cautela ao avaliar os dados pois diferentes meios de aplicação, concentração, tempo e frequência podem ter influenciado os resultados.