dc.description.abstract | Nesta tese, elaboramos uma cultura brasileira do feio como uma noção de beleza ampliada através de um recuo histórico, desde antes do descobrimento do Brasil, em 1500, até o século XXI. O feio adquire espaço em nossa atual cultura, na qual a comunicação passa a jogar com o entendimento e a sensibilidade da imagem corpórea. O corpo, tema transversal em nossa tese, é o suporte físico que mais representa a estética mundial e nacional. A tese apoia-se em um conjunto teórico-metodológico diverso, multifacetado, interdisciplinar e, sobretudo, complementar, de modo a investigar a subjetividade do feio na cultura brasileira e refletir sobre a estética e o imaginário em nossas atitudes cotidianas, nossas representações socioculturais e os afetos que regem nosso modo de ser brasileiro/brasileira. O brasileiro usa o corpo como forma de embate, deboche, humor e resistência. Somos sujeitos de feiura e objeto do feio. Pesquisamos no território multidimensional do fenômeno da beleza, levando em conta os mitos e os afetos para chegar à complexidade do feio nacional, através de um pensamento transdisciplinar na montagem de um mosaico com peças estético-imaginárias. Percebemos o feio como um dado histórico que ocorre com o fluir cultural, mudando de forma/conteúdo/interpretação/representação. Nesse sentido, unimos um arcabouço teórico e conceitual de diversos campos de estudo, especialmente da comunicação, história, sociologia, antropologia, psicologia, linguística, filosofia, entre outros, para abranger estudos imagéticos, imaginários, estéticos e midiáticos sobre o corpo brasileiro, o olhar estrangeiro sobre nosso povo e nosso olhar sobre nós mesmos. Índios, brancos e negros, nossa formação basilar que rege nossa visibilidade, nossa aparência e nossa imagem perante o mundo. O corpus desta pesquisa é constituído de uma bibliografia abrangente, a fim de favorecer o método genealógico e o trabalho de bricoleur (unindo vários elementos para a formação do feio brasileiro) que realizou uma triagem paciente, buscando elementos estranhos (não familiar), feios (desproporções corporais, rejeições sociais) e grotescos (elementos marginalizados e repletos de escárnio). Nossa pesquisa explora qualitativamente, através de longa meditação estética, imagens, documentos, bibliografias, narrativas e índices dos imaginários da beleza/feiura para compor nossa cultura brasileira do feio e definirmos uma noção de beleza ampliada, ou seja, a contaminação dos espaços do feio pelo belo e do belo pelo feio, é a dilatação das fronteiras definidoras da estética. O Brasil expandiu a própria noção de beleza ao incluir, retrabalhar e adaptar o feio ao seu sistema de beleza, gestando-a como elemento de apreciação, deleite e até prazer estético. | |
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