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Entre duas águas: o fluxo entre o nacional e o universal em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa
Fecha
2016-08Autor
Scarpelli, Marli Fantini
Resumen
Ángel Rama, diz Antonio Candido, faz parte de uma “geração crítica” de intelectuais
“participantes” e “desmitificadores” que “transformaram a cultura latinoamericana numa fecunda
mediação entre a dimensão nacional e a universal.” Em Transculturación narrativa en América
Latina, 1984, Rama identificará, na “nova narrativa” que desponta em 1920, indícios do “sistema
literário comum” a regiões latinoamericanas, em que a literatura brasileira já estaria integrada.
Assim como seus contemporâneos hispânicos, modernistas brasileiros como Mário de Andrade,
Graciliano Ramos e Guimarães Rosa souberam conciliar técnicas vanguardistas aos repertórios
temáticos de suas regiões. Rama, segundo Candido, percebeu dois extremos conflitantes no
regionalismo continental: de um lado, a adesão ao vanguardismo, representada pela ruptura com o
passado e projeção virtual do futuro; de outro, a penetração na realidade regional tendente ao
realismo e resistente às inovações. Contudo, décadas depois, ocorre a “síntese inesperada” que
produzirá o traço mais original e fecundo das nossas literaturas: “a penetração das técnicas
renovadoras das vanguardas no universo do regionalismo, na obra de Arguedas, Juan Rulfo, García
Marquez, Guimarães Rosa”. Esta “síntese inesperada” entre regional e universal é o objeto central
deste trabalho.