dc.description.abstract | Através do caminho pelo qual nos conduzem as narrativas, a experiência nos chega por expressões
múltiplas, mais ou menos diretas e provocadoras. Em repetidos contextos históricos, o que uns
denominam de 'manutenção da ordem', outros veem como manifestação de legítima violência. Aos
discursos ficcionais cabe a amarga e difícil tarefa de situar essa violência, de colocála no interior de
um quadro vivo, de conferirlhe o peso de uma existência, através de sua representação e denunciála.
No caso do autor espanhol, privilegiado nesta comunicação, Miguel Delibes, há uma postura e um
discurso que vêm ao encontro de uma consciente preocupação humana. Sua ideologia se baseia em
uma postura interessada em observar a realidade e narrála como a percebe, focando o homem como
indivíduo. Em Los santos inocentes (1981), a principal obra de nosso corpus, através de seus
personagens, hábitos e costumes, e também de suas reações diante das situações do dia a dia,
Delibes faz uma crítica ao difícil momento imposto à Espanha, pelo governo de Franco. Os
camponeses, inocentes, que dão nome ao título, são seres sem cor nem voz! Vamos explorar, com
base em Ronaldo Lima Lins e Rafael Torres, a temática da violência para pontuarmos suas
diferentes 'faces' e mostrar como sua frequente 'aparição' pode nos ensinar a ver bem mais além do
que se conta na narrativa. | |