Tesis
Avaliação morfológica dos tecidos que integram a mucosa da cavidade nasal posterior, na hipertensão e na epistaxe
Fecha
2017-02-01Registro en:
REZENDE, Gustavo Lara. Avaliação morfológica dos tecidos que integram a mucosa da cavidade nasal posterior, na hipertensão e na epistaxe. 2016. xii, 97 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Médicas) — Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Rezende, Gustavo Lara
Institución
Resumen
Os episódios de sangramento na cavidade nasal posterior denominado epistaxe representam a principal emergência em otorrinolaringologia, cujo tratamento demanda o tamponamento nasal ou a cauterização cirúrgica. Embora não estejam esclarecidos, é possível que essa condição esteja associada a lesões vasculares decorrentes de processos hipertensivos, que levam ao enfraquecimento e a ruptura dos vasos, mas até o momento o mecanismo histopatológico do rompimento dos vasos sanguíneos nasais permanece a esclarecer. Sabe-se que a rede vascular da cavidade nasal posterior derivada da artéria esfenopalatina está imersa numa mucosa representada por tecido glandular seromucoso e tecido conjuntivo frouxo e fibroso, que atuando em conjunto concorrem para manter a homeostasia local. Logo, esse estudo buscou descrever e comparar o perfil morfológico dos tecidos que compõem a mucosa e da microvasculatura da cavidade nasal posterior de indivíduos mortos por causas diversas (n=29) e por indivíduos submetidos à cirurgia para tratamento da epistaxe grave (n=6). Para isso, amostras da mucosa da cavidade nasal posterior foram obtidas, fixadas, processados, seccionados integralmente e corados com técnicas de rotina, com histoquímica e imunohistoquímica. As imagens das secções histológicas foram digitalizadas e analisadas para determinar a largura, a integridade e a justaposição das túnicas vasculares, a inervação dos tecidos, a presença de células inflamatórias nas regiões superficial e profunda da mucosa e os componentes da matriz extracelular fibrosa. Os resultados, analisados pelo teste t não pareado ou Mann-Whitney, mostraram que na comparação com o grupo de normotensos: a) no grupo hipertenso houve diminuição na largura da túnica íntima de arteríolas e artérias de pequeno calibre; b) na hipertensão ou na epistaxe, não houve diferenças na largura das túnicas média e adventícia; c) o grupo de mulheres hipertensas ou vitimadas pela epistaxe apresentaram a largura da túnica íntima, 528% ou 269% maior, respectivamente, enquanto que nos homens a largura da íntima foi 160% maior nos hipertensos e de 180% maior na epistaxe; d) indivíduos hipertensos, com ou sem epistaxe, apresentaram maior largura da túnica íntima e que, dentre os indivíduos vitimados pela epistaxe, os hipertensos exibiam as maiores larguras da túnica íntima; e) o percentual de secções histológicas que exibiam endotélio íntegros/justapostos, em capilares, arteríolas e artérias, foi menor para os grupos hipertenso ou epistaxe; f) o percentual de secções histológicas que exibiam integridade na túnica média de arteríolas e artérias foi menor no grupo hipertenso; g) o percentual de secções histológicas que exibiam células musculares justapostas foi menor em arteríolas e artérias dos indivíduos hipertensos ou vitimados pela epistaxe; h) menor quantidade de imunocomlexos para o tecido nervoso em hipertensos; i) o número de fibroblastos foi menor nos indivíduos vitimados pela epistaxe; j) o grupo de hipertensos exibiu na mucosa superficial maior número de macrófagos e linfócitos e menor de eosinófilos, enquanto que na mucosa profunda foi observado menor número de neutrófilos; k) o grupo vitimado pela epistaxe apresentou maior número de linfócitos na região superficial da mucosa. Em conjunto, os resultados mostraram que os indivíduos hipertensos apresentaram maior quantidade de alterações estruturais na microvasculatura, sugestivas de risco para a ruptura vascular na cavidade nasal posterior, mas considerando que no grupo da epistaxe foi identificado indivíduos sem hipertensão, sugere-se a continuidade dos estudos para identificar outros fatores de risco, como infecções, afecções, alterações do sistema imunitário, alergias ou mesmo fatores ambientais relacionados à baixa umidade.