Tesis
Por uma geografia da hospitalidade : o lugar, a racionalidade e a hospitalidade em comunidades que recebem visitantes
Fecha
2017-01-11Registro en:
REZENDE, Ricardo de Oliveira. Por uma geografia da hospitalidade: o lugar, a racionalidade e a hospitalidade em comunidades que recebem visitantes. 2016. x, 252 f., il. Tese (Doutorado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Rezende, Ricardo de Oliveira
Institución
Resumen
Esta tese investiga o fenômeno da hospitalidade comunitária iniciando pela proposição do ponto de vista da hospitalidade e abdicando do ponto de vista do turismo. Em seguida, é realizada a crítica aos conceitos utilizados bem como uma verificação das abordagens epistemológicas dos autores que tratam o tema. Com isso, são estudadas algumas teorias críticas para o aprofundamento das análises sobre o tema: o conceito humanista de lugar de E. Relph e o conceito de genoespaço de P. Gomes; a teoria da dádiva de M. Mauss; a teoria da racionalidade comunitária de J. Habermas e das contrarracionalidades de M. Santos bem como a teoria dos movimentos sociais latinoamericanos de M. G. Gohn. Foi realizada uma pesquisa de campo em 2016 com o objetivo de verificar como as teorias estudadas auxiliam no entendimento da realidade no caso do Município de Nova Olinda (CE) onde a Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri desenvolve a hospitalidade comunitária com hospedagem domiciliar e familiar. Ao final, verificou-se a viabilidade da análise crítica do fenômeno por meio das teorias estudadas. Afirma-se que em Nova Olinda a hospitalidade comunitária é desenvolvida tendo como base o sentimento de pertença ao lugar com especial valorização de uma identidade caririense, tendo como locus de acontecimento a casa dos anfitriões, onde têm espaço relações interpessoais, entre moradores e visitantes, marcadas por sociabilidades primárias (dádiva – dar, receber, retribuir) no processo de convívio, acolhimento e comensalidade. Entende-se ainda que a hospitalidade comunitária pesquisada possui uma racionalidade comunicativa; a ação comunicativa do Grupo de Pais e Amigos da Fundação Casa Grande se dá por meio do debate periódico dos problemas e o estabelecimento de mecanismo de distribuição igualitária – entre as diversas famílias participantes – da oportunidade de hospedar (rodízio) e, consequentemente, de obter renda. Nota-se, nesse sentido que o processo de valorização da hospitalidade na comunidade representada pela Fundação Casa Grande situa-se como uma contrarracionalidade à racionalidade instrumental dominante, não atem-se à busca do lucro, mas sim, aos objetivos e fins da própria Fundação. Observa-se, por fim, que o vínculo da hospitalidade comunitária com a Fundação permite confirmar que esse tipo de hospitalidade tem sua origem em movimentos sociais. Com isso, pode dizer-se que a hospitalidade comunitária é o modo de receber das comunidades excluídas da – ou inseridas precariamente na – modernidade capitalista que, em geral, baseia-se no sentimento de pertença ao lugar, em uma maior vinculação com o “mundo vivido” sendo um tipo de sociabilidade primária baseada na dádiva, na racionalidade comunicativa e na ação social.