Tesis
Do estado da arte ao desenvolvimento de uma intervenção para educação para a aposentadoria
Fecha
2017-02-02Registro en:
BARBOSA, Leonardo Martins. Do estado da arte ao desenvolvimento de uma intervenção para educação para a aposentadoria. 2016. 129 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Barbosa, Leonardo Martins
Institución
Resumen
Ao descrever a incompletude da ontogenia humana, Paul Baltes apontou que a velhice é um fenômeno historicamente novo e, por isso, as sociedades ainda estão se adaptando a essa novidade. A expectativa de vida no mundo cresce continuamente e apresenta reflexos importantes, como a mudança do papel social da aposentadoria. Atualmente estima-se que um aposentado brasileiro viva cerca de 20 anos além da idade média da aposentadoria por tempo de serviço. Considerando esse cenário social, esta tese examina o contexto acadêmico da pesquisa sobre aposentadoria e apresenta uma intervenção para prevenir desfechos negativos e promover bem-estar na aposentadoria. O Estudo 1 teve o objetivo de investigar a publicação de artigos científicos sobre aposentadoria nos últimos 25 anos. Por meio da análise semântica das palavras-chave dos estudos da base de dados Scopus que mencionam a palavra retirement (n = 18.362), identificou-se que as áreas mais desenvolvidas na pesquisa em aposentadoria são saúde e economia. O estudo das políticas públicas, que foca demandas sociais, apareceu como foco de interesse comum entre essas duas áreas. Entre os temas pouco pesquisados – portanto, ausentes dos resultados – está, por exemplo, a pesquisa em educação para a aposentadoria (EPA), que visa a preparar os trabalhadores para essa transição de vida. A análise dos dados deste estudo indica tendências de pesquisa e subáreas em que ainda precisamos avançar, delineando uma agenda de pesquisa baseada em evidências. Com o objetivo de avançar em uma dessas subáreas, a identificação dos determinantes psicossociais de uma boa aposentadoria, o Estudo 2 realizou uma revisão sistemática sobre preditores de ajustamento à aposentadoria. Foram investigadas sete bases de dados em busca de artigos publicados também nos últimos 25 anos. Foram encontrados 3.255 registros, mas restaram apenas 115 após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Os resultados indicaram quatro grupos de preditores descritos na literatura: Grupo 1, formado por preditores frequentemente estudados e com a maior proporção de efeitos positivos (p. ex., saúde e finanças); Grupo 2, também formado por preditores frequentemente estudados, mas com uma proporção de efeitos positivos menor do que aqueles do Grupo 1 (p. ex., EPA e espiritualidade); Grupo 3, formado por preditores pouco estudados e com elevada proporção de efeitos positivos (p. ex., metas e família); Grupo 4, formado por preditores com alta proporção de efeitos nulos ou mistos (p. ex., idade e sexo). A partir dessas evidências sobre os fatores que podem promover uma boa aposentadoria, o Estudo 3 apresenta a validação social de um estudo de casos múltiplos sobre uma intervenção para EPA. Foram realizadas três implementações em contextos diferentes, baseando-se na terapia de aceitação, que visa a promover flexibilidade, e no modelo prossocial, que visa a promover cooperação. Os resultados mostraram que a intervenção teve metas socialmente válidas, procedimentos socialmente aceitáveis e efeitos socialmente importantes. No entanto, a intervenção requer modificações como o uso de métodos mais dinâmicos, implementação das atividades com mais fidelidade ao planejamento e avaliações de follow-up para avaliar validade social dos efeitos ao longo do tempo. Em conjunto, os estudos apresentam o que tem sido feito na pesquisa sobre aposentadoria e oferecem contribuições para a área de EPA, em que as lacunas identificadas não contemplam a demanda social. Espera-se que estes resultados aumentem a compreensão sobre a vida da pessoa aposentada e, principalmente, contribuam para o desenvolvimento de políticas públicas que permitam a essa população desfrutar de uma qualidade de vida compatível com seus anos de dedicação e contribuição à sociedade.