Tesis
Dificuldades no estabelecimento de metas em terapia cognitiva : diferenças entre psicólogos experientes e iniciantes
Fecha
2016-10-03Registro en:
LIMA, Bruna Jalles Peixoto. Dificuldades no estabelecimento de metas em terapia cognitiva: diferenças entre psicólogos experientes e iniciantes. 2016. 79 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências do Comportamento)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Lima, Bruna Jalles Peixoto
Institución
Resumen
O presente estudo foi composto por duas etapas, sendo que o objetivo da Etapa I foi identificar as dificuldades inerentes ao processo de estruturação da Lista de Problemas e Metas (LPM) entre psicoterapeutas cognitivo-comportamentais, assim como esboçar um perfil sobre a formação desses profissionais. Uma amostra de 14 psicoterapeutas (93% deles especialistas e 7% em especialização), todos agremiados a Associações Profissionais brasileiras, respondeu a um questionário online sobre o uso da LPM em TCC, que incluía os transtornos que dificultam essa prática, aspectos da abordagem terapêutica que a facilitam e a dificultam, estratégias para aperfeiçoar o desempenho nessa tarefa e uma autoavaliação de suas habilidades na execução da lista. Dentre os diversos aspectos complicadores citados, selecionou-se a subjetividade da apresentação da queixa e a associação a transtornos como elementos a serem explorados na Parte II deste estudo. Entre os aspectos relevantes para a estruturação da LPM, foram consideradas como mais relevantes a aliança terapêutica e a motivação do paciente. Quanto à formação, o perfil dos terapeutas indica profissionais que pouco investem em cursos de pós-graduação stricto sensu e um maior investimento em especialização entre terapeutas com 4 a 9 anos de experiência. O objetivo da Parte II foi comparar o desempenho de terapeutas com diferentes tempos de prática (≤5,9 anos e ≥6 anos) quanto à elaboração da hipótese diagnóstica e número de metas propostas, dadas 2 versões de um caso clínico fictício de Transtorno de Personalidade Esquiva. Os casos clínicos se diferenciavam quanto ao grau de objetividade no relato do caso, sendo apresentado um caso subjetivo, onde os sintomas eram pouco explicitados e um caso objetivo, cujos sintomas foram organizados de acordo com os critérios diagnósticos descritos no DSM-5 (2014). Era esperado que terapeutas mais experientes apresentassem maior taxa de acerto quanto ao diagnóstico e um maior número de metas pertinentes em função de um conjunto mais extenso e organizado da informação armazenada na memória de longo-prazo. Por fim, foi proposta uma tarefa de autoavaliação para mensurar a dificuldade na tarefa apresentada. Os resultados não evidenciaram quaisquer diferenças significativas quanto ao número de metas propostas e medidas de autoavaliação consideradas à luz das hipóteses principais. Quanto à hipótese diagnóstica, 89% dos participantes consideraram o caso descritivo como um Transtorno de Ansiedade Social, um quadro bastante prevalente na população clínica e comórbido com o Transtorno de Personalidade Esquiva. Observou-se, no entanto, um efeito de interação na medida de autovaliação, quando consideradas conjuntamente as variáveis tempo de experiência e tipo de caso, sendo que o caso subjetivo foi avaliado como mais difícil pelo grupo de terapeutas mais experientes e o caso objetivo avaliado como mais difícil entre os terapeutas menos experientes, confirmando parcialmente a hipótese para essa interação. Os resultados foram discutidos considerando a possibilidade do presente estudo não ter considerado aspectos relativos à validade ecológica e comorbidade do transtorno. São sugeridos estudos longitudinais, aprimoramento do instrumento desenvolvido como entrevista semiestruturada e gravação de sessões reais para avaliação da competência de construção da lista.