Tesis
Hipnose como prática complementar no controle da dor, ansiedade e depressão em pacientes oncológicos do trato digestório
Fecha
2016-10-03Registro en:
MONTENEGRO, Gil. Hipnose como prática complementar no controle da dor, ansiedade e depressão em pacientes oncológicos do trato digestório. 2016. 77 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Montenegro, Gil
Institución
Resumen
A Organização Mundial da Saúde [OMS] considera a dor associada às neoplasias uma das queixas mais frequentes dos pacientes oncológicos. Nesse contexto, a hipnose apresenta-se como uma opção de terapia complementar ao tratamento, podendo promover benefícios, sem acarretar danos relativos a interações medicamentosas. O estudo avaliou o efeito da hipnose na intensidade da dor, ansiedade e depressão em pacientes oncológicos do trato digestório utilizando a Escala Visual Analógica (EVA) e da Escala de Ansiedade e Depressão (HADS). Para tanto, realizou-se, na Clínica de Cuidados Paliativos do Hospital de Base de Brasília (HBDF), um ensaio clínico controlado, randomizado, aberto, em que foram recrutados 39 pacientes oncológicos com idade entre 40 a 70 anos, de ambos os gêneros, que apresentavam limiar de dor ≥ 3. Após serem avaliados quanto aos critérios de inclusão e exclusão, 24 pacientes foram alocados de forma randomizada estratificada (gênero e faixas etárias) em dois grupos: pacientes submetidos à hipnose e pacientes não submetidos à hipnose. Todos os pacientes realizaram três encontros para aplicação das escalas, sendo que, no grupo da hipnose, os pacientes foram submetidos a sessão de hipnose no primeiro e segundo encontro. A hipnose foi realizada por um único profissional e teve duração de 40 minutos em ambiente separado do avaliador e da equipe de cuidados paliativos. Ao final da pesquisa os pacientes do grupo da hipnose responderam a um questionário sobre os efeitos da hipnose. Os resultados demonstraram equilíbrio entre as amostras nas condições basais e demográficas, sem diferença estatisticamente significante. Observou-se apenas desbalanceio em relação ao uso de morfina e sertralina entre os grupos. O grupo hipnose apresentou média inicial de dor 7,33 (±2,38) e o grupo controle 5,58 (±2,06). No segundo encontro, a média do grupo hipnose foi 3,67 (±2,7) e do grupo controle 5,67 (±3,36). No terceiro encontro, a média do grupo hipnose foi 2,08 (±2,61) e do controle 4,75 (±3,13). Obteve-se significância estatística ao comparar a média inicial do grupo hipnose com a média do segundo encontro (p-valor: 0,004) e do terceiro encontro (p= 0.000), assim como ao comparar a média do grupo controle e do grupo hipnose no 3º encontro (p=0.034). No entanto, ao considerar a influência dos medicamentos na comparação entre os grupos, tal significância não foi observada (p=0.109). Quanto a ansiedade e depressão, não foi observada significância estatística ao comparar as médias dos grupos. No entanto, tais médias caíram para valores abaixo dos parâmetros indicativos dos sintomas após as sessões de hipnose. Destaca-se como limitações da pesquisa o follow-up curto, desbalanceio de medicamento e falta de cegamento da amostra. Averiguou-se ainda que não houve aparente efeito secundário da hipnose e que 100% dos pacientes relataram benefício pela diminuição da dor e da ansiedade, assim como recomendariam a técnica. Presume-se que a sugestão hipnótica influencie nos sintomas da dor, ansiedade e depressão, todavia sugere-se novos ensaios randomizado sobre a distribuição e impacto da medicação na estimativa de efeito, com menos risco de parcialidade e imprecisão.