Tesis
Avaliação ecotoxicológica de fármacos psicotrópicos e suas possíveis interações com nanomateriais usando embriões de peixe-zebra
Fecha
2016-06-29Registro en:
MOURA, Diego Sousa. Avaliação ecotoxicológica de fármacos psicotrópicos e suas possíveis interações com nanomateriais usando embriões de peixe-zebra. 2016. 545 f., il. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Moura, Diego Sousa
Institución
Resumen
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), aproximadamente 226 ingredientes ativos de fármacos psicotrópicos têm autorização para comercialização no Brasil (RDC 6/2014). Produzidos em larga escala, os fármacos psicotrópicos chegam aos ecossistemas (ex. por meio do descarte de efluentes domésticos). Assim, organismos não alvo, aquáticos e terrestres, são expostos a um coquetel de fármacos, durante o seu ciclo de vida. O objetivo do presente estudo foi: fazer uma revisão bibliográfica dos fármacos psicotrópicos comercializados no Brasil, com foco especial às suas diferentes classes, modo de ação e ecotoxicidade; Avaliar a mortalidade e efeitos subletais (comportamento, atividade de colinesterases e alterações no desenvolvimento) de algumas dessas drogas utilizando testes de embriotoxicidade com embriões de peixe-zebra (baseados na norma OCDE - nº 236) e por fim, investigar a interação entre fármacos e nanomateriais (nanoestruturados de carbono e nanopartícula de titânio), visto que existe a possibilidade de aplicação em processos de remediação ambiental. Os 226 fármacos psicotrópicos comercializados no Brasil podem ser divididos em seis diferentes classes: ansiolíticos (n = 69), antidepressivos (n = 57), antipsicóticos (n = 54), antiepilépticos (n = 20), fármacos para alívio sintomático de doenças neurodegenerativas (n = 26), reguladores do humor (n = 1). Os dados da revisão bibliográfica revelam que: apenas 24 % possuem algum estudo ecotoxicológico, além disso, esses estudos são limitados, sendo, em sua maioria relativos a testes agudos, pouca informação é encontrada sobre a toxicidade crônica. Considerando nossos resultados dos testes de embriotoxicidade com 16 formulações comerciais e 5 compostos puros (mg/L), bioquímicos (5 compostos puros - μg/L) e comportamentais (5 compostos puros - ηg/L), sugere-se que o uso somente do parâmetro de mortalidade parece ser insuficiente para avaliação de riscos, uma vez que efeitos severos no organismo nomeadamente: paralisia, são encontrados em doses em média 5-10x mais baixas que o valores de CL50 para os fármacos testados. Uma análise refinada dos parâmetros comportamentais utilizando o zebrabox revela que há alterações significativas no tempo total de nado ou distância total percorrida dos embriões em concentrações muito próximas ou, até mesmo abaixo das concentrações já detectadas no meio ambiente de fármacos psicotrópicos. Ademais, os resultados obtidos sugerem que os efeitos no comportamento podem não seguir uma dose resposta, uma vez que em baixas doses podem induzir a atividade locomotora e em doses mais altas tendem a diminuir a atividade locomotora.