Tesis
Gestalt-terapia e sustentabilidade : uma abordagem pluricêntrica do meio ambiente
Fecha
2016-03-23Registro en:
SOARES, Brígida Vanessa Dantas. Gestalt-terapia e sustentabilidade: uma abordagem pluricêntrica do meio ambiente. 2015. viii, 149 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica e Cultura)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Soares, Brígida Vanessa Dantas
Institución
Resumen
Este trabalho se ocupou de uma dupla missão que se interpenetra: investigar a problemática ambiental tendo como eixo a institucionalização do desenvolvimento sustentável e refletir sobre a tarefa da pessoa como unidade de transformação social. Desde os movimentos ambientalistas da década de 1960 o tema do meio ambiente ganhou amplo vulto social e atenção da política internacional, conduzindo à realização de grandes conferências globais para pensá-lo. As discussões levantadas nesses eventos conformaram um campo conflitivo que polarizou as prioridades das nações entre preocupações com o meio ambiente e aspectos sociais. Essa foi a tônica de proposição do desenvolvimento sustentável como conceito político. Pouco sistematizado desde sua apresentação no âmbito das Nações Unidas, ele se abre a apropriações de diversas orientações político-ideológicas, o que delineia a importância da reflexão crítica de seus usos conjunturais em termos de quais desenvolvimentos e quais sustentabilidades se aglutinam para defini-lo. Realizamos uma exposição crítica de correntes do desenvolvimento e da sustentabilidade com o objetivo de problematizar a normatização a partir de macronarrativas globalizantes. Acreditamos que tais narrativas forçam homogeneizações de pessoas e nações e subalterniza saberes. Assim, propomos uma reflexão sobre o papel da singularidade como saída criativa em direção à mudança social. Utilizamos como aporte o aparato teórico da abordagem gestáltica que se opõe às estratégias fundadas em dicotomizações para investigar e intervir na realidade. Partindo da ideia de pessoa como um campo organismo/ambiente, refletimos acerca de sua afetação sobre a realidade em cada ato comum do cotidiano, especialmente os irrefletidos e considerados normais. Expusemos o papel fundante da apropriação dos conflitos no campo da psicoterapia e na experiência pessoal como possibilidade criativa de ampliação da awareness do excitamento para a realização de contatos integrados, reconhecidamente autorais e inovadores, contra a letargia e mera submissão à dominação silenciosa operada pelos registros simbólicos compartilhados. A abordagem gestáltica se apresenta como uma clínica da emancipação pelo ajustamento criativo responsável e ancorado na continuidade da awareness. Por fim, concluímos que é impossível pensar o meio ambiente fora da vida pública e dos dispositivos que ela produz. Assim, todo esforço de normatividade política sobre o meio ambiente e sobre o desenvolvimento precisa ser ancorado nos locais em que será praticada. Enquanto mais um dispositivo social, a psicoterapia, na realização do encontro, atua junto com a pessoa na presença em favor da ampliação de consciência sobre sua realidade social como decorrência de contatos integradores e da concreção da energia criadora e transformadora da agressão, compreendida aqui como operação de potência de transfiguração e não como violência.