Tesis
Ecofisiologia da migração e reprodução de Elaenia chiriquensis (Aves, Tyrannidae) no Cerrado
Fecha
2016-03-17Registro en:
PEREIRA, Zélia da Paz. Ecofisiologia da migração e reprodução de Elaenia chiriquensis (Aves, Tyrannidae) no Cerrado. 2015. x, 91 f., il. Tese (Doutorado em Ecologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Pereira, Zélia da Paz
Institución
Resumen
Muitos estudos têm investigando aspectos ecológicos de história de vida das aves por meio de parâmetros fisiológicos. Neste sentido, escolhemos a espécie Elaenia chiriquensis que migra da Amazônia para o Cerrado para investigamos os custos da migração e reprodução em termos ecofisiológicos. A coleta de dados foi realizada na Estação Ecológica de Águas Emendadas, no Distrito Federal. Foram acompanhados os períodos de chegada, reprodução e partida da espécie por meio de captura em redes de neblina, colheita de sangue e monitoramento de ninhos. No capítulo I, foi determinado o hematócrito da população nos três períodos acompanhados. Nos capítulos II e III as amostras foram utilizadas para determinação da corticosterona (hormônio de estresse). No capítulo I, verificamos a existência de mudanças temporais na relação entre hematócrito e massa de E. chiriquensis. Na fase de chegada, esta espécie apresentou massa e hematócrito similar à média apresentada ao longo de todo o período estudado, porém sem relação positiva significativa (F2,27 = 0,27; r = 0,03; p > 0,05). Na reprodução também não houve uma relação significativa (F2,45 = 5,03; r = 0,003; p > 0,05). No entanto, há uma relação positivamente significativa na fase em que os indivíduos migram de volta (F2,24 = -47,98; r = 0,51; p < 0,05) com aumento significativo de massa e hematócrito. O estudo da fase de partida mostra que o aumento da massa e hematócrito estão fortemente conectados, demonstrando que a maioria dos indivíduos de E. chiriquensis migram de volta em boas condições fisiológicas. No capítulo II descrevemos a variação na corticosterona das fêmeas durante a incubação de ovos e mostramos que seus níveis indicam o compromisso com o futuro sucesso de eclosão dos mesmos. As fêmeas que não obtiveram sucesso na incubação apresentaram menores níveis de corticosterona (7,59 ± 2,55 ng/mL; N = 22), enquanto as fêmeas que obtiveram sucesso tiveram níveis maiores (16,26 ± 3,24 ng/mL; N = 27), com diferença significativa entre elas (t = 16,75; g.l. = 48; P ˂ 0,05). Mostramos que há diferenças na secreção da corticosterona entre as fêmeas com e sem êxito reprodutivo na eclosão de ovos, sendo que as fêmeas mais estressadas são as mais bem sucedidas. No capítulo III, avaliamos como ocorre a liberação de corticosterona na fase inicial e final de cria dos ninhegos. Assim, comparando as duas fases há aumento na taxa de entrega de alimento (t = 22,04; g.l. = 23; p < 0,05) e ganho de massa dos ninhegos (t = 52,27; g.l. = 23; p < 0,05), porém na fase inicial as fêmeas apresentaram níveis de corticosterona baixos (65,3 ± 27,41 ng/mL; N = 24) comparados aos níveis da fase final (156,4 ± 26,44 ng/mL; N = 24) (t = 13,67; g.l. = 23; p < 0,05). Nosso estudo mostrou que à medida que o cuidado com os ninhegos avança no tempo, E. chiriquensis eleva seu nível de estresse conforme o aumento da idade dos mesmos. Assim, avaliamos que a espécie consegue chegar bem ao local de reprodução e migra de volta em condições ainda melhores. No entanto, a reprodução é realmente uma fase custosa e o estado de estresse das fêmeas foi associado ao fato de obter ou não sucesso reprodutivo, seja na fase de incubação de ovos ou na de cuidado com os ninhegos no ninho.