Tesis
Superfície Curie da Província Borborema
Fecha
2016-12-21Registro en:
CORREA, Raphael Teixeira. Superfície Curie da província Borborema. 2015. xii, 65 f., il. Dissertação (Mestrado em Geociências Aplicadas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Correa, Raphael Teixeira
Institución
Resumen
A temperatura Curie marca a profundidade de desmagnetização da crosta, correspondendo à isoterma de 580ºC, que é o ponto de desmagnetização da magnetita. Estudos sobre a estrutura termal da crosta geralmente são feitos com medidas de fluxo térmico. Todavia, esses dados são escassos e podem ser contaminados por anomalias rasas do ambiente geológico local. A superfície Curie calculada com dados magnéticos através de técnicas no domínio da frequência espacial é uma alternativa para entender a estruturação termal da crosta. Processos geodinâmicos como vulcanismo, intrusões, terremotos, soerguimento de montanhas e metamorfismo são controlados pela geração e transferência de calor na Terra, uma vez que a reologia dos sólidos é função principalmente da temperatura. A Província Borborema é parte da colisão neoproterozoica de um sistema orogênico situado entre os crátons São Francisco – Congo e Luís-Oeste África, que formou o Supercontinente Gondwana. A malha magnética da Província Borborema foi dividida em janelas de 150x150 km², com incremento de 50 km, o que totalizou 189 janelas, com o resultado localizado no centro de cada janela. Os resultados foram interpolados pelo método da mínima curvatura com célula de 10x10 km². Para validar o método de inversão, a profundidade Curie foi calculada a partir de dados de fluxo térmico. Neste sentido, os resultados foram integrados aos dados de gravimetria, calor radiogênico e espessura crustal. A superfície Curie da Província Borborema varia de 18 a 59 km, o que revela complexidades na composição crustal da região. A estrutura termal mostra diferentes blocos crustais separados pelas principais zonas de cisalhamento, o que corrobora o modelo de evolução de terrenos alóctones. A porção oeste da zona de cisalhamento Pernambuco possui assinatura dos processos que envolvem a serpentinização do manto, uma vez que a isoterma Curie é mais profunda que a descontinuidade de Mohorovic. Nesta região, há uma diminuição na amplitude da anomalia Bouguer, o que corrobora a anomalia de grande comprimento de onda e alta amplitude no campo magnético anômalo. Interpreta-se esse padrão como evidência da subducção/colisão do Evento Brasiliano-Pan africano. Não se observa a mesma anomalia na porção leste da zona de sutura, possivelmente devido à abertura do Oceano Atlântico Sul durante o Cretáceo, uma vez que este processo eleva a Moho a temperaturas superiores a 850ºC, de modo a desmagnetizar o manto. Os sismos da região concentram-se principalmente nas regiões de superfície Curie rasa (crosta menos resistente) e nas zonas de transição entre blocos quentes e frios. Calculou-se o gradiente horizontal da superfície Curie para enfatizar a assinatura do contato entre os blocos termais. Essas regiões marcam possíveis descontinuidades crustais, e possuem alta correlação com as ocorrências de ouro orogênico da área de estudo.