Tesis
Quem estabelece prioridades? Um estudo sobre a natureza do trabalho de investigação na polícia federal
Fecha
2016-05-26Registro en:
CAVALEIRO, Juliana Carleial Mendes. Quem estabelece prioridades? Um estudo sobre a natureza do trabalho de investigação na polícia federal. 2015. [102] f., il. Dissertação (Mestrado em Sociologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Cavaleiro, Juliana Carleial Mendes
Institución
Resumen
A investigação é um processo (sucessão de ações humanas) por meio do qual se busca indicar a autoria e a materialidade, reunindo provas de um crime para a persecução criminal em Juízo. Nesse estudo, a investigação policial é analisada como modalidade de trabalho. As ações no mundo do trabalho, no tempo em que a expressão política é rara, são importante objeto de pesquisa social. O local de trabalho se tornou o palco principal das relações de amizade, solidariedade, por isso lugar da ação desveladora do indivíduo, onde se expressa o sujeito e onde ele interage e recebe a validação do outro. Descrever o prescrito e procurar o velado nas falas de policiais federais no Distrito Federal, ou seja, a expressão do real, para apreender a natureza do trabalho investigação criminal na Polícia Federal, foi o objetivo dessa pesquisa. Partiu-se da indagação sobre a amplitude da discricionariedade policial para chegar às relações de reconhecimento entre os indivíduos. A escolha metodológica foi a análise qualitativa da fala dos atores da investigação na Polícia Federal obtidas em entrevistas estruturadas semiabertas. Quando se investiga os saberes individuais como fator relevante na tomada de decisões no curso da investigação, intersecciona-se a questão da satisfação no mundo trabalho, já que o recuso à subjetividade nesse espaço é fonte de contentamento e realização do sujeito. A análise do conteúdo das entrevistas revelou a natureza dupla do trabalho de investigação policial na Polícia Federal: existe o trabalho maçante, rotineiro e burocrático de cumprimento de diligências para resolver os inquéritos do cotidiano – executado em ambiente pouco reflexivo, com controle das subjetividades, onde nem delegados nem agentes parecem gostar do papel que desempenham. Existe, por outro lado, a operação policial, expressão daquilo que aqueles assimilaram como a investigação ideal – para a qual convergem tempo, recursos e interesse administrativo, permitindo interação e reflexividade. Nas investigações policiais desse tipo, a discricionariedade é exercida por delegados e agentes. O resultado desse estudo contribui para a reflexão sobre a atividade de investigação, entre o rotineiro e o excepcional, e sobre em que medida o desencontro entre os anseios dos policiais e a realidade prejudica esse trabalho.