Tesis
Memória e território : sociogênese da luta pela terra dos assentados do Cafundão (Mariana-MG)
Fecha
2016-05-19Registro en:
RÚBIO, Rúbia de Paula. Memória e território: sociogênese da luta pela terra dos assentados do Cafundão (Mariana-MG). 2015. 229 f., il. Dissertação (Mestrado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Rúbio, Rúbia de Paula
Institución
Resumen
A presente dissertação se relaciona à questão de terras brasileiras, no que concerne ao histórico de desigualdade fundiária que fomenta, dentre outros enfoques, a luta e os movimentos sociais pelo acesso a terra, e a reivindicação da política de reforma agrária enquanto via institucionalizada de promoção deste acesso. Dedica-se, nesta pesquisa, às memórias dos assentados que compõem e revelam a sociogênese de um assentamento de reforma agrária específico que é o Cafundão, localizado em Mariana, cidade histórica de Minas Gerais. A investigação da sociogênese se deu por meio das narrativas dos assentados em diálogo com fontes documentais e reflexões teóricas que contribuem à análise deste contexto. Partiu-se da ideia de que o assentamento de reforma agrária Cafundão integra o contexto de terras mais amplo que lhe dá substância e sentido, e admite-se enquanto inquirição as narrativas que os assentados fazem da história de luta pela terra que deu origem a esse assentamento. Norteou-se pela hipótese de que há um sentido de origem social do assentamento instituído numa base comum de luta expressa pelo ser-assentado, mas que carrega em si significâncias para além da significação que a expressão luta pela terra sugere abarcar. Contudo, o viés de ligação destes assentados a terra se dá pela forma principal do torneamento da rocha esteatito (pedra-sabão), que aflora no local para a confecção artesanal de panelas. O tornear, para além de estabelecer vínculo, se traduz em uma dimensão do saber-fazer que dá sentido de “lugar” a esta terra. Porquanto, as terras do Cafundão se inserem numa dinâmica de conflitos acerca de sua real posse, que envolve as vidas já estabelecidas nestas terras por aqueles que recorreram à política de reforma agrária enquanto possibilidade de resolução do impasse, a posse jurídica concedida à Igreja (católica) e a tentativa de compra e venda por um terceiro que criou o ápice da tensão ao requerer a sua desapropriação.