Tesis
Transmissão sexual do Trypanosoma cruzi em camundongos chagásicos crônicos
Fecha
2015-11-05Registro en:
RIBEIRO, Marcelle Araujo. Transmissão sexual do Trypanosoma cruzi em camundongos chagásicos crônicos. 2015. 105 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Ribeiro, Marcelle Araujo
Institución
Resumen
O Trypanosoma cruzi é transmitido principalmente por via vetorial, entretanto, outras vias de transmissão também apresentam importância epidemiológica, como a transfusão sanguínea, a via transplacentária e por meio da contaminação de alimentos. A transmissão sexual do T. cruzi foi sugerida por vários pesquisadores, desde a descoberta da doença de Chagas, contudo, poucos trabalhos científicos foram realizados. Pesquisas anteriores sugerem que camundongos infectados podem transmitir o parasito por via sexual durante a fase aguda da doença, quando a carga parasitária é alta. Como a maioria dos indivíduos infectados são diagnosticados na fase crônica, é de extrema importância investigar se também ocorre a transmissão sexual do T. cruzi em condições de baixa parasitemia. O presente trabalho teve como objetivo investigar a transmissão sexual do T. cruzi no modelo experimental murino durante a fase crônica. Dez camundongos BALB / c, machos e fêmeas sexualmente maduros, infectadas por via intraperitoneal com 103 formas tripomastigotas de T. cruzi, foram cruzados com animais não infectados após 90 dias da infecção. Os casais foram avaliados depois de duas gestações e a infecção pelo T. cruzi foi analisada por testes parasitológicos, sorológicos e métodos moleculares. Além disso, foi determinada a carga parasitária em diferentes tecidos por qPCR. Os resultados mostram que camundongos cronicamente infectados por T. cruzi podem transmitir o parasita aos parceiros sexuais. O exame parasitológico identificou o parasito no sangue periférico em 100% dos animais infectados intraperitonialmente e em 20% dos camundongos que foram infectados pela via sexual. Os testes sorológicos e moleculares demonstraram a presença de anticorpos específicos e amplicons em todos os animais testados após o período de 120 dias. Análise histopatológica do coração, testículo/ovário, intestino e músculo, identificou a presença de infiltrado inflamatório moderado e destruição de fibras cardíacas nos animais infectados pela via intraperitoneal, na ausência de ninhos de amastigota. A transmissão sexual do parasita para fêmeas inicialmente não infectadas também foi validada pela identificação da infecção transplacentária para os filhotes. A análise da progênie mostrou que a infecção congênita ocorreu em 25/26 (96,15%) animais, que apresentaram resultados positivos nos testes moleculares. Os resultados confirmam a transmissão sexual do T. cruzi na fase crônica da infecção. Até onde sabemos, esta é a primeira demostração experimental da transmissão sexual do T. cruzi na fase crônica da infecção. A via sexual pode ser um fator potencial de dispersão da Doença de Chagas no mundo. A determinação desta via de transmissão em animais cronicamente infectados é de suma importância, uma vez que a maioria dos indivíduos com CD encontram-se na fase crônica. Além disso, estudos epidemiológicos em áreas livres de triatomíneos são necessários para determinar o potencial de infectividade em casais em que apenas um dos parceiros tem uma história de CD, favorecendo a maior compreensão da importância da transmissão sexual em populações humanas.