Tesis
Uso tradicional, manejo e processamento da piaçava da Bahia (Attalea funifera Mart.)
Fecha
2015-12-20Registro en:
PIMENTEL, Noara Modesto. Uso tradicional, manejo e processamento da piaçava da Bahia (Attalea funifera Mart.). 2015. vii, 210 f., il. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Pimentel, Noara Modesto
Institución
Resumen
A palmeira de piaçava (Attalea funifera Mart.) é endêmica do Bioma Mata Atlântica, ocorre no litoral da Bahia, Brasil, seus PFNMs são utilizados antes da chegada dos portugueses na costa brasileira, por comunidades indígenas. Esse conhecimento tradicional rapidamente foi repassado aos colonizadores e aos negros Africanos. Atualmente a espécie já é cultivada em grandes plantações e o extrativismo mantido pelas populações negras residentes na região, agricultores familiares e comunidades quilombolas que ainda conservam esse recurso em seus fragmentos de florestas e em pequenos plantios, localmente denominados de 'mata de piaçava'. As fibras vegetais são comercializadas na forma bruta, pré-beneficiada, beneficiadas, vassouras e artesanatos com a fibra vegetal beneficiada. Este trabalho abordou técnicas e tecnologias que envolveram o manejo e o processamento da fibra vegetal, através de levantamentos de campo, troca de saberes entre pesquisadores e extrativistas da piaçava, implantação de parcelas em áreas de plantio, experimentos de campo com a fibra vegetal e informações preliminares com vistas ao aproveitamento da polpa do fruto e o óleo vegetal da semente. Encontrou-se 888 palmeiras por hectare na área do produtor, aproximadamente 65% dessas estavam produzindo fibras vegetais. Os plantios quilombolas apresentaram aproximadamente 1.250 palmeiras por hectare, 83% dessas estavam produzindo fibras vegetais comercializáveis. A produtividade média de fibra por planta na fase de ‘bananeira em produção’ foi de 1,2 kg/planta/ano e na fase coqueiro uma média de 3,68 kg/planta/ano. Após mais de 12 meses da primeira extração, a média de fibra por planta na segunda extração foi de 0,71 kg/planta/ano na fase ‘bananeira em produção’ e de 3,14 kg/planta/ano nas plantas coqueiro. A etapa de pré-beneficiamento apresentou 17,3% de resíduos, no beneficiamento apresentou uma média de 26,8% de resíduos e aproximadamente 15,3% de descarte na etapa de confecção das vassouras de piaçava. Portanto, ao longo do processo produtivo foi descartado aproximadamente 41,8% de resíduos, aproveitados 35,6% de fibras vegetais fino/média, 5,3% de fibras grosso-médias e 17% corresponderam ao subproduto ‘fita’ para cobertura de quiosques de praia. Considerando a comercialização das fibras vegetais da piaçava beneficiadas (cortadas), as margens brutas de ganhos financeiros foram: 10,47% para o ‘tirador; 7,62% para catadeira; 28,57% para o cortador; e 52% para o atravessador. Apesar das dificuldades de acessar o mercado de vassouras da piaçava, os extrativistas dominam as técnicas e tecnologias envolvidas no manejo e processamento da fibra vegetal, o que permite que a renda extrativista familiar, com a fibra da piaçava, seja melhorada. A renda extrativista atual variou de R$ 360,00 a R$ 600,00 por mês. Supondo o cenário onde o extrativista domina todo o processo produtivo da confecção das vassouras de piaçava, a renda mensal bruta, de um único extrativista, trabalhando 25 dias por mês, oito horas por dia, passaria para R$ 2.460,00 por mês. O custo de produção para produzir essas 410 vassouras ficaria entorno de R$ 795,38, então o ganho líquido mensal passaria para R$ 1.664,63. Esses valores comprovaram que o maior domínio das etapas de produção, manejo e aproveitamento da fibra vegetal da piaçava, realizada pelos extrativistas, agrega valor ao produto final e eleva a renda dos quilombolas e pequenos agroextrativistas.