Tesis
Metalômica aplicada ao estudo de toxicidade do mercúrio em amostras de leite humano coletadas de lactantes residentes em comunidades do alto rio Madeira, Rondônia, Brasil
Fecha
2015-07-17Registro en:
SILVA, Tania Machado da. Metalômica aplicada ao estudo de toxicidade do mercúrio em amostras de leite humano coletadas de lactantes residentes em comunidades do alto rio Madeira, Rondônia, Brasil. 2015. 116 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Silva, Tania Machado da
Institución
Resumen
A avaliação toxicológica de substâncias químicas, como o mercúrio, demandam estudos relativamente longos. Apesar da eficiência destes estudos, recentes desafios têm demandado desenvolvimento de novas técnicas que possibilitem melhor percepção dos mecanismos toxicológicos a fim de possibilitar previsões de toxicidade para diferentes cenários de exposição humana, o que tem gerado grande interesse em estudos relacionados à caracterização funcional e estrutural de proteínas assim como o fluxo dessas espécies no organismo. Neste contexto, buscou-se aqui identificar e quantificar possíveis biomarcadores proteicos da toxicidade do mercúrio em amostra de leite humano de lactantes residentes em comunidades tradicionais do alto rio Madeira, no intuito de elucidar os possíveis mecanismos de transporte do mercúrio. Para tanto, utilizou-se técnicas de proteômica/metalômica, tais como eletroforese unimensional (SDS-PAGE) e quantificação do mercúrio por espectrometria de absorção atômica. O estudo contou com 9 participantes, entre o 20º e 70º dia de lactação. O perfil de consumo alimentar (principalmente fontes de proteína animal) foi determinado pela aplicação de um inquérito alimentar recordatório de 7 dias. As concentrações de mercúrio total (HgT) no cabelo foram determinadas por análise direta utilizando o equipamento por SMS 100. As amostras de leite foram digeridas em meio ácida e a determinação de HgT foi realizada por espectrometria de absorção atômica com amostrador automático e sistema de atomização eletrotérmica em forno de grafite. Por espectrometria atômica também foi possível analisar e quantificar o mercúrio presente nas bandas proteicas, obtidas no fracionamento das proteínas por SDS-PAGE, após mineralização ácida. As concentrações de HgT nas amostras de cabelo foram inferiores ao limite preconizado pela WHO (14 μg g-1), assim como abaixo das médias gerais observadas em várias regiões da Amazônia, possivelmente devido ao baixo consumo de peixe pelos participantes. A ingestão de mercúrio pelo consumo de leite materno foi acima do limite tolerável (PTWI = 5 μg/kg pc, ou 0,71 μg/kg pc/dia de Hg total) para 8 das 9 amostras de leite analisadas, entretanto, condizentes com os resultados para região amazônica. Apesar dos resultados mostrarem elevados concentrações de HgT para 88% das amostras, o leite humano é essencial para o desenvolvimento neurológico do recém-nascido, sendo seus benefícios mais relevantes que os possíveis riscos decorrentes da presença de Hg. Os géis obtidos no fracionamento das proteínas por SDS-PAGE apresentaram alta diversidade de bandas proteicas, em média 33 + 2,8 bandas por amostra. No mapeamento de mercúrio nestas bandas, observou-se maior percentagem de Hg nas bandas de baixa massa molar (< 20,1 kDa), indicando que proteínas com menor massa molar têm maior probabilidade de apresentarem mercúrio, e possivelmente, servirão como possíveis biomarcadoras do metal. Contudo, mais estudos nesta linha devem ser desenvolvidos para que se tenham maiores conclusões.