Tesis
Interpretações de si mesmo, do outro e do mundo por crianças na transição da educação infantil para o ensino fundamental
Fecha
2015-05-14Registro en:
RAMOS, Patrícia C. Campos. Interpretações de si mesmo, do outro e do mundo por crianças na transição da educação infantil para o ensino fundamental. 2015. x, 200 f., il. Tese (Doutorado em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015.
Autor
Ramos, Patrícia C. Campos
Institución
Resumen
Este estudo objetivou avançar na compreensão das dinâmicas de self, pela descrição e análise da construção de significados das interpretações de si, do outro e do mundo por crianças de 5 a 7 anos, na transição da Educação Infantil (EI) para o primeiro ano do Ensino Fundamental (EF), em situações individuais e coletivas, longitudinalmente. Complementamos o conjunto de informações analisando como adultos colaboradores relatam compreender a criança de 5-7 anos, a própria participação mediadora e a transição para o 1º ano do EF, além de possíveis convergências e divergências entre significados apresentados por crianças e adultos. Foram nossas suposições iniciais que: (a) o desenvolvimento do self estaria inter-relacionado com a introdução de novos artefatos pela cultura – como a política de entrada no EF de Nove Anos, no Brasil, podendo esta experiência de transição ser instigadora de processos de desenvolvimento; (b) as crianças tentariam corresponder às expectativas próprias, dos adultos e pares, da família e da escola, fazendo uso de instrumentos mediacionais, na construção das interpretações de si, do outro e do mundo. Partimos de pressupostos teóricos e metodológicos culturais, considerando a literatura sobre desenvolvimento do self, focalizando a transição, as especificidades das pesquisas com crianças e a legalização vigente na Educação Básica brasileira. Na literatura sobre o desenvolvimento do self, o “eu” foi historicamente associado ao sujeito e o “mim” ao objeto, passando este conceito pela atuação da criança e de outros na construção conjunta de significados sobre si mesmo, o outro e o mundo. Justificamos nosso interesse na participação responsiva das crianças, pois, ainda são mais observadas do que escutadas por adultos, consideradas objetos ou sujeitos passivos mais do que participantes ativos, posicionamento que conduz ao suporte empírico e ao conhecimento limitados a respeito do desenvolvimento do self na infância, em momentos de transição. Construímos as informações em escolas públicas de Brasília/DF, em três etapas: final da EI, início e meio do primeiro ano do EF. Houve consentimento para participação de seis crianças na primeira etapa, concluindo-se dois estudos de caso, e colaboração de familiares (pai e/ou mãe) e professoras da EI e do 1º ano. Os instrumentos foram: protocolos de observação; roteiros para sessões de grupo focal e entrevistas semiestruturadas. Os resultados indicaram desenvolvimento das interpretações de si, do outro e do mundo por crianças em transição da EI para o EF que, ao se expressarem, nos possibilitaram identificar: seu enfoque às ações orientadas ao brincar e aprender e interpretações orientadas à família, escola, transição e pesquisa, por diferentes estratégias: avaliação do próprio rendimento, reconhecimento da mediação de pessoas e instrumentos e expressão de sentimentos, permeando diferenciações e atuações de identificação si mesmo/outro, ao se posicionarem em diferentes espaços (casa, escolas e pesquisa) e tempos (passado, presente e futuro). Atividades ligadas ao brincar foram pouco destacadas pelos adultos colaboradores, que valorizaram aprender a ler, escrever e respeitar normas de conduta. As crianças expressaram aspectos de continuidade e mudança no processo, desde a transição de casa para a EI, como da EI para o EF, entre o informal e o formal, ainda que nos parecesse haver mais rupturas do que alinhamento entre esses contextos.