Tesis
Implicações da estomia urinária continente na qualidade de vida de pessoas com lesão medular
Fecha
2015-03-06Registro en:
ARAÚJO, Carla Andréia. Implicações da estomia urinária continente na qualidade de vida de pessoas com lesão medular. 2014. 182 f., il. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)—Universidade de Brasília, Brasília, 2014.
Autor
Araújo, Carla Andréia
Institución
Resumen
A derivação urinária continente é um conduto confeccionado cirurgicamente com partes do intestino na parede inferior do abdome com o objetivo de tornar possível o esvaziamento vesical naquelas pessoas em que o cateterismo intermitente limpo (CIL) não é viável pela uretra. A lesão medular é um evento catastrófico na vida das pessoas e compromete o controle da micção, uma vez que o funcionamento da bexiga está alterado: bexiga neurogênica. Nesses casos, o manejo para o esvaziamento da bexiga acontece pelo autocateterismo intermitente limpo; no entanto, para algumas pessoas com lesão medular e alto grau de comprometimento físico-funcional faz-se necessária a assistência de uma pessoa para os cuidados de vida diária, entre eles, o CIL assistido, comprometendo a autonomia e a privacidade dessas pessoas. Este estudo, uma pesquisa qualitativa fenomenológica, teve como objetivo avaliar a implicação da estomia urinária continente na qualidade de vida das pessoas com lesão medular. A amostra deste estudo se constituiu de 15 pessoas com lesão medular de etiologia traumática ou congênita (tetraplegia, paraplegia e mielomeningocele) com dificuldade de autocateterização por meio da uretra nativa ou por situações de dificuldades apresentadas pelo cuidador em realizar o CIL. Os procedimentos para a coleta dos dados foram: a) a aplicação de questionário específico para se conhecer os dados sociodemográficos e clínicos e a percepção sobre qualidade de vida e a estomia urinária continente; b) a realização de entrevista virtual ou presencial, semiestruturada; e c) revisão em prontuário eletrônico. Foi efetuada estatística descritiva e Análise de Conteúdo conforme proposição de Bardin, para análise das verbalizações dos participantes. Os resultados demonstraram que houve predominância de pessoas do sexo feminino, na faixa etária entre 16 e 48 anos, com baixa escolaridade. O subgrupo mais representativo de injúrias medulares foi o de pessoas com tetraplegia, seguido de mielomeningocele. A maioria dos participantes tornou-se independente para o manejo do esvaziamento vesical, e o número de infecções urinárias após a confecção da derivação e ampliação vesical diminuiu. Pode-se inferir que a maioria dos respondentes (14) se sente satisfeita com a derivação urinária e que, com relação à melhoria da qualidade de vida, 12 participantes fizeram correlação de forte intensidade (boa e muito boa) com a qualidade de vida. A Análise de Conteúdo de Bardin apontou dez categorias teóricas: “eu tenho mais independência”; “não ficar perdendo xixi”; “minha lesão”; “qualidade de vida pra mim é...”; “falta acessibilidade”; “eu tinha uma vida muito ativa”; “não ligo pra estética”; “não entendem sobre isso”; “um pouco a reclamar”; e “o sexo diminuiu”. Na série de casos estudada, confirmou-se que existem implicações positivas da estomia urinária continente na qualidade de vida das pessoas com lesão medular e alto grau de comprometimento físico-funcional, bem como naquelas com inviabilidade de CIL pela uretra nativa.