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Diversidade cultural enquanto discurso global
Fecha
2008Registro en:
Autor
Ribeiro, Gustavo Lins
Institución
Resumen
Neste trabalho concebo a “diversidade cultural” como um discurso global de elites envolvidas na cooperação internacional e na governança global. Primeiro, discuto as relações entre diversidade e globalização. Depois, exploro a tensão particular/universal para oferecer a noção de cosmopolítica como um tipo diferenciado de discurso global. Cosmopolítica permite ir além da tensão particular/universal. Antes de considerar os limites das pretensões à universalidade de discursos globais contemporâneos como direitos humanos e desenvolvimento, discuto “diversidade cultural” no contexto dos “discursos fraternos globais”. Este exercício serve de ponte para explorar as relações entre diversidade cultural e outro discurso global, o do Patrimônio Cultural da Humanidade. A definição de Patrimônio Cultural da Humanidade depende do que se entenda por “valor universal excepcional”. “Valor universal excepcional” define o quê (na verdade quem) é universal e merece ser parte do patrimônio mundial, isto é, o quê/quem transcende os confins de uma localidade e é capaz de ser admirado por outros em uma economia simbólica global. VUE mostra a força ilocucionária de alguns discursos. Cria reconhecimento em uma época na qual abundam demandas por reconhecimento. As discussões sobre VUE não podem ser reduzidas à luta para controlar uma definição abstrata, sem impacto, de universalidade. Ao contrário, VUE tornou-se uma questão a ser debatida graças à sua força ilocucionária. VUE é um artefato taxonômico e artefatos taxonômicos em geral provocam efeitos de poder que estruturam relações entre distintos atores coletivos. VUE é também um significante flutuante. Como não pode ser definido, sua força ilocucionária torna-se mais importante do que o seu significado. A noção de VUE congrega elites profissionais e políticas, nacionais e transnacionais, ao redor de discursos sobre que símbolos de identidades coletivas são mais legítimos para serem disseminados em fluxos simbólicos nacionais e globais nos quais abundam discursos globais sobre diversidade cultural.