Tesis
Corporrelacionalidades e coletivo na composição e aprendizagem inventivas em dança
Registro en:
DALTRO, Emyle Pompeu de Barros. Corporrelacionalidades e coletivo na composição e aprendizagem inventivas em dança. 2014. 246 f., il. Tese (Doutorado em Artes)—Universidade de Brasília, 2014.
Autor
Daltro, Emyle Pompeu de Barros
Institución
Resumen
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Artes, Programa de Pós-Graduação em Arte, 2014. No diálogo da dança experimental contemporânea com propostas dos estudos sociotécnicos, que questionam a supremacia do gênero humano sobre as outras agências, compõe-se este trabalho de pesquisa. A partir do estudo de duas instalações coreográficas – Vestígios, proposta por Marta Soares e Verdades Inventadas, por Thembi Rosa – discutem-se noções e práticas de pesquisa de movimento, coreografia, improvisação e composição, levando em conta humanos e não/humanos como sócios socialmente/artisticamente ativos. Com essa abordagem, ―objetos‖ passam a ser pensados como não/humanos, criando tensão na separação hierarquizante entre sujeito e objeto, sociedade e natureza. Os não/humanos, que sempre permearam as danças, são considerados co-coreógrafos de corpos e danças. É nesse sentido que a tese propõe composições ―coletivas‖, onde humanos e não/humanos têm possibilidade de devir, co-constituindo corporrelacionalidades em dança, noção que envolve respeito pelo diferente e procedimentos que favorecem a constituição mútua de memórias ―inventivas‖. Esse estudo desdobra-se em experimentações com os discentes da disciplina Corpo e Espaço, dos cursos de licenciatura e bacharelado em dança da Universidade Federal do Ceará, as quais compõem o início de uma ―trajetória de aprendizagem‖ em dança com vínculos entre humanos e não/humanos, cujos enredos se estendem para além da sala de aula, favorecendo um entendimento de aprendizagem como invenção, noção que aqui enfatiza a colocação de problemas. A pesquisa guiou-se pelo viés epistemológico da objetividade feminista – ―conhecimento situado‖ –, a qual se opõe à universalidade abstrata, o que possibilitou a articulação desta pesquisa aos estudos decoloniais, os quais consideram que a colonialidade do poder, do saber e do ser marca modos de vida e lugares epistêmicos que precisam de ressignificação continuada. Nesse sentido, ao colocar à baila um maior número de materialidades/socialidades, as quais constituem os trabalhos em questão e fazem mover uma escrita que co-constitui espacialidades, temporalidades, memórias e mundos encarnados em e com dança – por meio de conexões parciais e situadas, onde diversos movimentos e vozes são levados em conta –, esta pesquisa aponta caminhos por onde se possa pensar a decolonialidade de/em/com processos composicionais que também são de aprendizagem em dança. __________________________________________________________________________________ ABSTRACT In the dialogue of contemporary experimental dance with proposals of socio-technical studies, that challenge the supremacy of human gender over other agencies, this research is made up. From the study of two choreographic installations – Vestígios, proposed by Marta Soares and Verdades Inventadas by Thembi Rose - discusses notions and practices of movement research, choreography, improvisation and composition, taking into account humans and non/humans as partners socially/ artistically actives. With this approach, "objects" are to be thought of as non/humans, creating tension in the hierarchical separation between subject and object, nature and society. Non/humans, that always permeated the dances, are considered co-choreographers of bodies and dances. In this sense, the thesis proposes "collective" compositions, where humans and non/ humans have the possibility of becoming, co-constituting bodyrelationalities in dance, a notion that involves respect for the different and procedures that favor the mutual constitution of "inventive" memories. This study unfolds in experimentations with the students of the discipline Body and Space, bachelor's degree and degree in dance, Federal University of Ceará, which are composed as the start of a ―trajectory of learning‖ in dance, with links between humans and non/humans, whose storylines extending beyond the classroom, encouraging invention, notion here that emphasizes the placement of problems. The research was guided by the epistemological bias of feminist objectivity – "situated knowledge" –, which enabled the articulation of this research to decolonial studies, which consider that the coloniality of power, knowledge and being branded lifestyles and epistemic places that need continued reinterpretation. In this sense, evidencing a larger number of materialities/socialities, which constitute the works in question and make moving a writing that co-constitutes spatialities, temporalities, memories and worlds embodied in and with dance – through partial and situated connections, where diverse voices and movements are taken into account –, this research shows ways through which one can think the decoloniality of/in/with compositional processes that are also learning processes in dance.