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Eutanásia poética : reflexões em torno de cinema e filosofia
Registro en:
CABRERA, Julio. Eutanásia poética: reflexões em torno de cinema e filosofia. In: CUNHA,
Renato (Org.). O cinema e seus outros. Brasília: LGE, 2009. p. 155-177.
Autor
Cabrera, Julio
Institución
Resumen
O núcleo da minha reflexão cinefilosófica é a noção de logopatia, a ideia de que a função esclarecedora da filosofia, como ficou exposta, pode ser realizada mediante linguagens e técnicas que provocam afeto, não de maneira ornamental e acessória,
mas de forma cognitiva. Todas as técnicas literárias e cinematográficas, que são habitualmente estudadas em função de efeitos
estéticos ou narrativos, passam agora a ser estudadas em função de sua capacidade de gerar conceitos visando esclarecimento,
aqueles que chamei conceitos-imagem, já presentes na literatura
e na arte em geral. Trata-se de uma emoção que pensa porque ela depende de e interage com um suporte lógico indispensável (daí
o termo logopatía). Mas é logos carregado de afeto, de tal forma que, sem carga afetiva, o conceito não terá eficácia, a parte
lógica não será suficiente. Essa é a tese fundamental. Uma tese polêmica porque se opõe a séculos e séculos de filosofia “apática”, de filosofia centrada numa racionalidade apenas intelectual, onde afetos e emoções foram sempre considerados obstáculos
ou funções inferiores, tanto na cognição quanto na ética e até na estética.