Tesis
O espaço dos Maracatus-Nação de Pernambuco : território e representação
Registro en:
FERREIRA, Cleison Leite. O espaço dos Maracatus-Nação de Pernambuco: território e representação. 2012. xii, 123 f. Dissertação (Mestrado em Geografia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2012.
Autor
Ferreira, Cleison Leite
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas,
Departamento de Geografia, 2012. O Maracatu-Nação é uma importante manifestação cultural afro-brasileira presente no estado de Pernambuco, mais especificamente na Região Metropolitana do Recife (RMR). É caracterizado por um cortejo real formado por Reis e Rainhas negros, que saem nas ruas acompanhados de membros da corte, de estandartes e de percussionistas que tocam e cantam
loas. Suas origens remetem as eleições e coroações de Reis e de Rainhas do Congo escolhidos em irmandades leigas, que congregavam uma grande diversidade de grupos étnicos africanos presentes no Recife entre os séculos XVI e XIX. Com o tempo, essas manifestações foram
sendo reinventadas pela população de matriz africana e passaram a ser o que ficou denominado de Maracatu-Nação. Os Maracatus-Nação cresceram em quantidade de Nações e de adeptos existindo, na RMR, no ano de 2012, vinte e sete Nações, e se tornaram símbolo da identidade cultural pernambucana. Atualmente, os Maracatus-Nação estão vinculados às religiões denominadas Xangô (ou Candomblé), Jurema Sagrada e Umbanda, definindo territorialidades religiosas no cotidiano e nos dias de carnaval, principalmente no ritual Noite
dos Tambores Silenciosos que acontece, no centro do Recife, em homenagem aos ancestrais, denominados Eguns. Suas práticas culturais, que envolvem um saber partilhado entre as gerações, criam um sentimento de pertencimento e de afirmação de referências étnicas de
origens africanas e definem territorialidades que repercutem tanto nas periferias como na área central do Recife, tendo suas sedes como as principais referências no território, por estarem inseridas em comunidades e bairros, criando vínculos sociais e comunitários. O objetivo deste
trabalho é identificar, registrar e representar, por meio de registros cartográficos e fotográficos, o território e a territorialidade dos Maracatus-Nação da Região Metropolitana do Recife, destacando suas práticas sociais e seus aspectos identitários. Definiu-se como recorte
espacial a Zona Norte do Recife, por concentrar a maior quantidade de Nações e por suas proximidades com diversos terreiros de Xangô, entre eles o Ilê Axé Obá Ogunté – Sítio do Pai Adão, o terreiro mais antigo do Recife. Foram realizadas investigações de campo e utilizados
recursos cartográficos e fotográficos como forma de registro para a representação espacial e visual dos Maracatus-Nação e por serem instrumentos eficazes de leitura e interpretação do
território e permitirem compreender a historicidade e a dinâmica atual dessas manifestações culturais. Concluiu-se basicamente que os Maracatus-Nação criam territórios, sendo possível registrar, medir e representar cartograficamente suas territorialidades. Nesse sentido,
recomenda-se que seu espaço seja reconhecido pelo poder público por sua potencialidade e possibilidade de exercício da cidadania e de vivência das referências étnicas da população de matrizes africanas tantas vezes desconsideradas da totalidade do espaço metropolitano do
Recife. ______________________________________________________________________________ ABSTRACT The "Maracatu-Nação" is an important cultural expression originally from african-Brazilian the state of Pernambuco, Brazil, specifically in the Metropolitan Region of Recife. It is
characterized by a royal procession consisting of black Kings and Queens, that walk on the streets followed by members of the court, with banners and percussionists who play and sing
praises. Its origins date back to the elections and coronations of Kings and Queens chosen within the lay brotherhoods who congregated a great diversity of African ethnic groups present in Recife between the sixteenth and nineteenth centuries. Over time, these
demonstrations were being reinvented by people of African origin and became what was called Maracatu nation. The Maracatus-Nação grew in quantity of Nations and number of adherents, existing in 2012 twenty-seven Nations, and became a symbol of cultural identity
Pernambuco. Currently, the Maracatus-Nação are linked to Xangô (Candomble), Jurema and
Umbanda religions, defining religious territorialities in daily life and in the days of Carnival, especially in Night of the Silent Drums ritual that happens in homage to ancestors, called Eguns. Their cultural practices that involve shared knowledge between generations, create a
sense of belonging and affirmation of ethnic references of African origins and define territoriality that impact both in the suburbs and in the central area of the Metropolitan Region of Recife, having their headquarters as main references in the territory, being inserted in
communities and neighborhoods by creating social bonds and community. The objective of this work is to investigate and represent the territorial and cultural identity of African origin in Recife (PE) through "Maracatus-Nação", highlighting their practices and their social identity
aspects. It was defined the North Zone of Recife as the spatial area, by concentrating the greatest amount of Nations and its vicinity with many “terreiros of Xangô”, including Ile Axe Obá Ogunté – Terreiro do Pai Adão, the oldest terreiro of Recife. We used photographic and cartographic resources as a way of visual and spatial representation of "Maracatus-Nação" that besides being effective tools of reading and interpretation of the territory allow us to understand the historical and current dynamics of cultural manifestations. It was concluded
that basically the Maracatus-Nação create territories and it is possible to record, to measure,
and to cartographically represent their territoriality. Accordingly, it is recommended that their space be recognized by the government for its potentiality and possibility of citizenship and
experience of ethnic references of the population of African origin often disregarded the entire metropolitan area of Recife.