Tesis
Identidade, raça e representação : narrativas de jovens que ingressam na universidade de Brasília pelo sistema de cotas raciais
Fecha
2011-06-29Registro en:
FERREIRA, Erika do Carmo Lima; VELLOSO, Jacques (Orientador). Identidade, raça e representação: narrativas de jovens que ingressam na universidade de Brasília pelo sistema de cotas raciais. 2010. 211 f., il. Tese (Doutorado em Educação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
Autor
Ferreira, Érika do Carmo Lima
Institución
Resumen
O presente trabalho foi realizado no âmbito do grupo de pesquisa Educação e políticas públicas: gênero, raça/etnia e juventude (Geraju), da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). A análise está centrada nas entrevistas narrativas feitas com oito universitárias e dois universitários, que ingressaram em diferentes cursos da UnB por meio do sistema de cotas, e buscou contemplar os seguintes objetivos: identificar e analisar as experiências dos/as estudantes no ambiente familiar, na trajetória escolar e na vivência acadêmica; verificar a existência de estratégias de convivência ou de confronto frente a possíveis situações de segregação ou preterimento, bem como de mecanismos de ressignificação da identidade negra ao longo da vida; verificar se a condição de cotista teve interferência nesse processo. As narrativas mostram que ser negro/a, em todos os aspectos da trajetória de vida analisados, carrega uma série de significados cambiantes, que se constroem de forma relacional, num jogo identitário em que atributos são alinhados ou confrontados na determinação da (auto)representação dos sujeitos. A condição de cotista encarna uma tensão que se estabelece entre a identidade de grupo e a visão universalista do mérito individual, fortalecida pela ainda forte influência da idéia de democracia racial, que tende a forjar uma neutralidade nas relações raciais e também de gênero. Verifica-se que a Universidade, para o/a estudante que ingressa pelo sistema de cotas, pode revelar-se tanto local de abertura para o engajamento, já advindo de exemplos familiares ou de contato com grupos jovens de mobilização social, quanto de transformação do pensamento em relação à configuração racial do País e da própria compreensão do que significa ser negro/a. Para tanto, o contato com grupos de discussão, de pesquisa, e com centros de convivência existentes na academia, como o Afroatitude e o Centro de Convivência Negra (CCN), mostrou ser diferencial, pois proporciona o questionamento de representações raciais e de gênero até então introjetadas, a troca de experiências e o efetivo envolvimento na produção do saber. No entanto, apelidos e “brincadeiras”, que marcam de forma velada a discriminação, e manifestações explicitas do preconceito em relação à raça negra e às mulheres, evidenciam que o rastro racista e sexista persiste no espaço acadêmico, mesmo entre os/as cotistas, favorecendo processos de “embranquecimento” e de cooptação.