Tesis
Reinventando a realidade : estratégias de composição da ficção de Lúcia Miguel Pereira
Registro en:
ALMEIDA, Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de. Reinventando a realidade: estratégias de composição da ficção de Lúcia Miguel Pereira. 2010. 221 f. Tese (Doutorado em Literatura)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
Autor
Almeida, Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de
Institución
Resumen
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, 2010. Lúcia Miguel Pereira figura no cenário nacional como reconhecida crítica literária, historiadora da literatura e biógrafa de Machado de Assis. Até o presente momento, pouco se tem estudado sobre os seus textos de ficção. Mormente por esse aspecto, o presente estudo tem como corpus as quatro narrativas de ficção Maria Luísa (1933), Em Surdina (1933), Amanhecer (1938) e Cabra-Cega (1954), escritas e publicadas nas respectivas datas indicadas. Objetivando trazer à luz um estudo mais alentado sobre essas narrativas, destaca-se o fato de que a crítica literária contemporânea dos anos 30 reconheceu, na literatura nacional desse período, duas vertentes de escrita, a literatura social ou proletária e a literatura intimista ou psicológica. Como explica Luís Bueno (2006), nesses modos de escrita, constatou-se um caráter ‗empenhado‘ para a primeira, para a qual foi revelada certa predileção dos leitores e dos críticos e a segunda que, considerada como ‗não empenhada‘ ou ‗desinteressada‘, não teve forças para se estabelecer como forma possível de desenvolvimento do romance no Brasil. No balanceio de influências e valores atribuídos à literatura intimista, Bueno cita a observação de Jorge Amado que acusa a autora de produzir romance engajado, subordinando conscientemente a criação a uma doutrina. Frente a esse esclarecimento é que mostramos, neste estudo, como essa orientação ideológica bem como a sua condição social de mulher dos anos 30 perceptível ainda nos textos críticos da mesma autora com os quais também dialogamos, conduziu a sua escrita ficcional. Nessa direção, notamos que, aspectos muito sutis da condição política e social daqueles tempos, os anos 30 e 50, foram ‗recriados‘ pela autora, e transformados em elementos internos, conduzindo a trajetória das personagens, principalmente femininas e configurando, dessa forma, a razão de ser da obra. Se, para Jorge Amado, esses aspectos impediram o desenvolvimento da narrativa, em nosso entendimento, eles deixaram ver inquietações, anseios e temores femininos que integraram tanto a ficção quanto a crítica de Lúcia Miguel Pereira, dando forma assim a uma escrita bastante coerente com o discurso predominante. _________________________________________________________________________________ ABSTRACT Lúcia Miguel Pereira is recognized as a literary critic, literature historian and Machado de Assis‘ biographer in the national scenery. So far, little has been studied on her fiction texts. Especially in this aspect, this present study has as corpus her four fiction narratives - Maria Luisa (1933), Em Surdina (1933), Amanhecer (1938) and Cabra-Cega (1954) - written and published in the indicated dates. Aiming to shed light on a emboldened study on these narratives, we can highlight the fact that the contemporary literary criticism of the 30‘s recognized two strands of writing in the national literature of this period, the social or proletarian literature and the intimate or psychological literature. As Luis Bueno (2006) explains, in these writing styles, there was a 'committed' characteristic in the former, for which a certain preference of the readers and critics was revealed and the latter which was considered 'not engaged' or ‗not interested‘ had no force to establish itself as a possible form of novel development in Brazil. Analyzing the influences and values attributed to the intimate literature, Bueno quotes Jorge Amado who accuses the author of producing engaged novel, consciously subordinated to the creation of a doctrine. Before this, we show in this study the way this ideological orientation still perceived in Lúcia‘s critical texts with which we also carry on a dialogue, conducted her fictional writing. In this direction, we notice that very subtle aspects of social and political condition of those times, the 30‘s and 50‘s, were 'recreated' by the author and were transformed into internal elements. Those aspects led the trajectory of the characters which are mainly women, setting the reason of the work. If, for Jorge Amado, these aspects have impeded the development of the narrative, in our view, they made women‘s anxieties, fears and restlessness visible and they are part of both fiction and criticism of Lucia Miguel Pereira, thus shaping a fairly coherent writing with the predominant discourse.