Tesis
Caracterização cromática das fontes alimentares de origem vegetal do sagui-do-cerrado (Callithrix penicillata, PRIMATES)
Registro en:
PERINI, Eduardo Sosti. Caracterização cromática das fontes alimentares de origem vegetal do sagui-do-cerrado (Callithrix penicillata, PRIMATES). 2006. 129 f., il. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
Autor
Perini, Eduardo Sosti
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Laboratório de Neurociências e Comportamento, 2006. A capacidade de visão de cores depende da presença de diferentes classes de fotorreceptores na retina e de substrato neural compatível. Em mamíferos a condição básica encontrada é o dicromatismo, decorrente da presença de dois tipos de cones na retina. As exceções a esta condição são alguns marsupiais e os primatas, podendo apresentar visão de cores tricromata. No Novo Mundo, a maioria das espécies de primatas possui um polimorfismo visual onde machos são obrigatoriamente dicromatas, e fêmeas podem ser dicromatas ou tricromatas. As teorias mais recentes geralmente relacionam a condição tricromata com vantagens no forrageio de itens alimentares alaranjados e avermelhados, dispostos contra a folhagem verde. Os objetivos do trabalho foram caracterizar itens alimentares do sagüi-do-Cerrado e avaliar as possíveis vantagens diferenciais entre fenótipos dicromatas e tricromatas na atividade de forrageio destes itens. No presente estudo, foram obtidos espectros de refletância de itens alimentares encontrados na área de vida do Callithrix penicillata. Dentre os 11 itens estudados, seis são consumidos pelo sagüi, quatro são potencialmente consumidos pelos animais e um é potencialmente tóxico à espécie. Também foram medidos espectros de refletância de folhas de árvores fornecedoras de goma, escarificadas e não-escarificadas. Estes espectros foram multiplicados pela sensibilidade dos fotorreceptores e pelo espectro da fonte luminosa, resultando na absorção quântica de cada tipo de fotorreceptor. A absorção quântica foi analisada matematicamente sob dois métodos complementares: diagramas de cromaticidade e cálculo de distâncias cromáticas. O cálculo das distâncias considerou 10 diferentes situações de forrageio. Os diagramas sugerem que a maioria dos itens medidos das espécies vegetais em questão seria detectada por todos os fenótipos. As exceções são as espécies Miconia burchelli, M. ferruginata, M. albicans e a Sp.1, que apresentaram representações dos itens alimentares entre a representação das folhas. As distâncias cromáticas confirmam os diagramas de cromaticidade, onde as mesmas espécies apresentam distâncias cromáticas insuficientes para a detecção em várias situações de forrageio. Apresentaram ainda distâncias cromáticas insuficientes, os frutos imaturos da espécie Schefflera macrocarpa. No geral, apesar de haver pequenas diferenças de detecção dos alvos entre os fenótipos visuais, as mesmas espécies detectadas por tricromatas foram detectadas também por dicromatas. Para árvores de goma, os diagramas demonstraram diferenças, principalmente em luminância, entre as folhas de árvores escarificadas e não escarificadas de S. macrocarpa, detectável por todos os fenótipos visuais. Todas as distâncias cromáticas calculadas referentes às árvores de goma apresentaram valores insuficientes para possibilitar a diferenciação entre as folhas. O presente estudo sugere que, para a espécie Callithrix penicillata, o tipo de visão de cores interfere de maneira pouco significativa no forrageio de itens alimentares de origem vegetal, não havendo vantagens diferenciais constantes entre fenótipos dicromatas e tricromatas nesta atividade. Uma vez que fenótipos dicromatas ainda possuiriam outras vantagens como detecção de predadores e de alvos crípticos, estes fenótipos se apresentariam como vantajosos de modo geral. _________________________________________________________________________________ ABSTRACT The colour vision ability depends on the presence of different classes of retinal photoreceptors and subsequent compatible neural tracts. The basic mammalian colour vision status is dichromacy, resulting of the presence of two different types of cones. Primates and some marsupials are exceptions for this status, which may present trichromatic colour vision. In the New World, most of the primate species have a visual polymorphism that underlies obligatory dichromatic males and dichromatic or trichromatic females. Recent theories correlate the trichromatic colour vision with an advantage in foraging reddish or red-yellowish items against a green leaf background. Here, we intent to characterize some food items eaten by the black-eared-marmoset and assess the possible differential abilities of dichromats and trichromats in foraging activities for these items. In the present work, we measured the reflectance spectra of food items present in the home range of Callithrix penicillata. Within 11 species measured, six are found in the marmoset diet, four are probably eaten and one is possibly toxic. Leaves from gouged and ungouged gum trees were also measured. These spectra were multiplied by the photoreceptor sensitivity curve and the illuminant spectrum, resulting in the quantum catch for each photoreceptor type. The quantum catch was analyzed under two complementary models: chromaticity diagrams and chromatic distance. The chromatic distance model considered 10 different foraging situations. The chromaticity diagrams suggest that most of the plant items measured would be detected by all phenotypes. The species Miconia burchelli, M. ferruginata, M. albicans and Sp.1 are exceptions, with targets represented within leaves. The chromatic distances support the chromaticity diagram findings, where the same species have distances below the detectable threshold in several situations. The immature fruit of Schefflera macrocarpa also had values below threshold. Despite the small differences in detection capacity within phenotypes, the same species detected by trichromats were also detected by dichromats. For gum providing trees, the chromaticity diagrams showed differences between gouged-tree leaves and ungouged-tree leaves especially in luminance sub-channel for S. macrocarpa, for all phenotypes. According to the chromatic distance model, the separation of leaves from gouged and ungauged trees were under the threshold value for a detectable difference. This work suggests that the colour vision phenotype has little influence on the foraging activities by Callithrix penicillata, which failed to show constant trichromatic or dichromatic advantages in the detection of fruits within these plant species in two different light conditions. Considering that dichromats may have other advantages, such as detection of predators and cryptic food items, these phenotypes might be advantageous after all.