Tesis
Avaliação nutricional em instituição geriátrica do Distrito Federal : análise por diferentes instrumentos
Registro en:
FÉLIX, Luciana Nabuco. Avaliação nutricional em instituição geriátrica do Distrito Federal: análise por diferentes instrumentos. 2006. 88 f., il. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana)-Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
Autor
Félix, Luciana Nabuco
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde, Departamento de Nutrição, 2006. O envelhecimento populacional acelerado no Brasil provavelmente aumentará o número de idosos institucionalizados, os quais são considerados vulneráveis do ponto de vista nutricional, uma vez que com o avançar da idade são comuns ocorrências inerentes à esse processo, como alterações metabólicas, fisiológicas, anatômicas e psicossociais. Além disso, contribui para o aumento do risco nutricional do idoso a exclusão familiar, a restrição socioeconômica, e muitas vezes, a alimentar. As patologias crônicas e o uso freqüente de múltiplos medicamentos prejudicam o apetite, a digestão e a absorção dos nutrientes, podendo influenciar negativamente a saúde do
indivíduo. Nesse contexto, o presente estudo foi desenvolvido em uma Instituição de Longa Permanência com idosos acima de 60 anos (n=37) para conhecer o estado e o risco nutricional por diferentes instrumentos: antropométricos, imunológicos e dietéticos. A avaliação incluiu ainda a análise de fatores associados ao estado nutricional, como presença de enfermidades, uso de medicamentos, estilo de vida pregresso (tabagismo e etilismo) e realização da Mini Avaliação Nutricional (MAN). A média de permanência na instituição foi de 24,27 e 36,68 meses para homens e mulheres, respectivamente. Maior peso e altura foram encontrados em homens, enquanto entre as outras aferições antropométricas apenas a Circunferência de Panturrilha foi superior neste grupo. A freqüência de 36,1% de desnutridos e 16,7% de sobrepeso e obesidade foi verificada quando a Circunferência de Braço foi o instrumento utilizado na avaliação. O Índice de Massa Corporal constatou eutrofia em 46% dos idosos e a mesma prevalência de baixo peso e sobrepeso (27%). O risco de complicações metabólicas, como doenças cardiovasculares, segundo a Circunferência da Cintura, foi estimado em 86,36% de mulheres e 57,14% de homens, no entanto esta diferença não foi significativa. Contudo, quando este mesmo risco foi julgado pela razão entre as circunferências da cintura e do quadril (RCQ) a prevalência de 95,45% foi significativamente maior no grupo de mulheres comparado ao de homens (42,86%). A depleção imunológica foi constatada tanto entre os homens (46,67%), quanto entre as
mulheres (66,67%). O estado nutricional classificado pela MAN apontou que aproximadamente 46% dos idosos estavam em risco de desnutrição (50% das mulheres e 40% dos homens) e 30% desnutridos (32% das mulheres e 27% dos homens). A presença de polifarmácia foi observada na população, isto é, uso médio de 4,5 tipos e freqüência de 5,95 de medicamentos por dia. O risco nutricional foi estimado em 83,8% dos idosos quando o critério utilizado foi o da presença de inadequação em pelo menos um dos índices antropométricos, prevalência esta sem diferença significativa do diagnóstico obtido com teste MAN (75,7%). Considerando o consumo alimentar, pesagem direta em 3 dias, foi constatado que 40% dos idosos consumiam abaixo da recomendação calórica e 34,3% abaixo do Gasto Energético Total individualizado, contudo todos os participantes do estudo ingeriam macronutrientes dentro da faixa percentual recomendada, sendo a média diária do consumo de proteínas, lipídios e carboidratos respectivamente, de 14,6 ± 2,33%; 28,11± 4,78% e 57,04 ± 5,51% do Valor Energético Total. O consumo de macro e micronutrientes diferiu entre gêneros, maior para o grupo masculino, exceto para a vitamina A, C e cálcio. A inadequação no consumo de zinco e cálcio foi observada em toda população (100%), enquanto 88,6% mostrou baixo consumo de vitamina E e 62,9% baixa ingestão de ferro e vitamina A. Dentre os micronutrientes analisados, apenas o consumo de vitamina C esteve acima da recomendação em todos os idosos. A hipertensão arterial foi a patologia de maior freqüência (45,7%) e dentre os 62,9% que consumiam ferro inadequadamente, apenas 16% eram anêmicos (4 mulheres e 2 homens). Os homens tiveram o maior relato de tabagismo e etilismo pregressos e ainda a freqüência de uso de medicamentos, sendo cerca de 6 por dia. O quadro nutricional demonstrado reflete que a maioria dos idosos apresenta risco nutricional sob o aspecto antropométrico, diferentemente do observado pela análise de consumo energético. Contudo, a presença de inadequação de determinados nutrientes pode ser vista como um alerta de possíveis agravos à saúde desta população, sugerindo a necessidade de uma intervenção nutricional. ______________________________________________________________________________ ABSTRACT The accelerated rate of aging in the Brazilian population will probably increase
the number of institutionalized elderly people, which are considered vulnerable from a nutritional point of view, once that with aging, there are inherent changes to metabolic, physiologic, anatomic and psychosocial aspects of the individual. In addition, aging contributes to the increase of elderly people’s nutritional risk implied by family exclusion, social-economic restrictions, and often, food restrictions. Chronic pathologies and frequent use of multiple medications jeopardize an individual’s appetite, and nutrients digestion and absorption, which may have an equally negative influence on their health. Within such context, the present study was developed in a Long Stay Institution with elderly people over 60 years of age (n=37) to find out the nutritional risk using different instruments: anthropometry, immunology and food intake. The assessment included also the analysis—carried out with Mini Nutritional Assessment (MNA)—of factors associated to the nutritional state, such as presence of infirmities, use of medications, and previous lifestyle (smoking and drinking). Average time of stay in the institution was of 24.27 and 36.68 months for men and women, respectively. Men presented higher weight and height, while among other anthropometric measurements, only calf circumference (CC) was higher within this group. A frequency of 36.1% of malnutrition and 16.7% of overweight and obesity was verified when brachial circumference (BC) was used in the assessment. The body mass index (BMI) showed eutrophy on 46% of elderly people and the same prevalence of both low weight and overweight (27%). The risk of cardiovascular disease, according to the patients’ waist circumference (WC), was estimated as 86.36% for women and 57.14% for men; it was not regarded as significant, though. Nonetheless, when such risk was assessed by the waist-to-hip ratio (WHR), there was a prevalence of 95.45% in the women’s group in comparison to the men’s group (42.86%). The immunological depletion was verified both among men (46.67%) and among women (66.67%). The nutritional state assessed by the MNA pointed out that 46% in risk of malnutrition (50% of women and 40% of men) and 30% malnutrition (32% of women and 27% of men).
The presence of multiple medications was observed in the study’s population, i.e. an
average daily use of 4.5 types of medication and frequency of 5.95. The nutritional risk
was estimated as 83.8% for elderly people when the used criterion was the presence of
inadequacy in at least one of the anthropometric indexes; such prevalence had no significant difference over the diagnosis obtained with MNA tests (75.7%). Considering food intake with three-day direct weighting, it was verified that 40% of elderly people consumed less than the recommended calorie intake, and 34.3% consumed less than their individual Total Energy Expenditure; however, all the participants in the study had macronutrient intake within the recommended percent range - the daily average of protein, lipid and carbohydrate intake was, respectively, 14.6 ± 2.33%; 28.11 ± 4.78%; and 57.04 ± 5.51% of Total Energy Expenditure. The intake of macro and micronutrients differed between genders—it was higher for the men’s group, excepting for vitamins A and C and for calcium. The inadequacy of zinc and calcium intake was observed in all the study’s population (100%), while 88.6% had low E vitamin intake, and 62.9% had low iron and A vitamin intake. Among the analyzed micronutrients, only C vitamin intake was above the recommended level in all elderly people. High blood pressure was the most frequent pathology (45.7%) and, among the 62.9% who had inadequate iron intake, only 16% were anemic (4 women and 2 men). Men had the highest report of previous smoking and drinking and, furthermore, they used the largest range of medications—around 6 types per day. The nutritional status indicated here shows that most elderly people are under
nutritional risk regarding the anthropometric aspect, differently of what was observed by energy intake analysis; however, the presence of inadequacy of certain nutrients may be seen as a warning for possible health aggravations in this population, thus suggesting a need for nutritional intervention.